Jovem baleada por agentes da PRF está ‘sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis’

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada há 12 dias. Segundo hospital, ela consegue mexer braços e pernas, está lúcida e obedece a comandos

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040 — Foto: Reprodução/TV Globo

O último boletim médico sobre o estado de saúde de Juliana Leite Rangel, de 26 anos, aponta que ela está “sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis”. O documento, divulgado no domingo (5), informa também que ela está respirando sem necessidade de ventilação mecânica e tem boa interação com o ambiente e as pessoas. A jovem foi baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), enquanto ia para a casa de parentes comemorar o Natal.

O boletim afirma que Juliana tem melhorado progressivamente a cada dia, sem mudanças clínicas nas últimas 24h. Do ponto de vista neurológico, ela está lúcida, recuperando as funções cognitivas e motoras. A jovem segue em terapia intensiva, sem previsão de alta do CTI.

Também no domingo, Deyse Rangel, mãe da jovem, reforçou que a menina está se comunicando com os olhos e conseguiu até pedir para tomar um refrigerante:

— Os médicos falam que ela está tendo uma recuperação boa, eles estão até surpreendidos com a melhora dela. Hoje a Juju já estava se comunicando com os olhos, a gente perguntava e ela piscava concordando. Ela também está fazendo gestos com a boca, então conseguimos conversar com ela. Hoje ela teve coragem até de pedir para tomar refrigerante, acredita? Uma pena que tive que dizer que agora ela não pode.

Relembre o caso
Juliana estava no carro com a família, a caminho de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, quando o veículo foi alvejado por agentes da PRF. Com ela, estavam o pai Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, baleado na mão esquerda, a mãe Deyse Rangel, de 49, e o irmão mais novo, de 17 anos, a namorada dele e um cachorrinho.

A família afirma que foram disparados cerca de 30 tiros contra o carro. Segundo Deyse, os agentes da PRF só ensaiaram algum socorro após a intervenção de um policial militar: foi ele quem constatou que Juliana ainda estava respirando.

— Quando paramos, eles viram que fizeram besteira. Aí, do nada, uma patrulha da PM apareceu, perguntou o que estava acontecendo, e um policial pediu para checar a minha filha. Ele falou para mim que ela ainda estava respirando. Os agentes da PRF não fizeram nada, não tentaram socorrer, ficaram perdidos andando de um lado para o outro. Depois disso, eles botaram a Juliana no carro e a levaram para o hospital — lembra ela. — Vi a minha filha com a cabeça coberta de sangue. Eu me desesperei na hora, só sabia gritar. Fui para cima dele (agente da PRF) e falei: “Você matou a minha filha, seu desgraçado”. Ele deitou no chão, começou a se bater, pulando, mostrando que fez besteira.

Agentes foram afastados
Na manhã desta quarta-feira, os policiais rodoviários envolvidos na abordagem prestaram depoimento para esclarecer o que aconteceu na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu.

Em nota, a PRF informou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos relacionados à ocorrência. Segundo a corporação, os agentes envolvidos foram afastados “preventivamente de todas as atividades operacionais”.

“A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, diz a nota.

Fonte: Extra

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