Wanderlei Laureth é presidente do clube
Em meio a uma das festas mais tradicionais da América Latina, a Oktoberfest de Blumenau, um clube de futebol era fundado. Enquanto turistas se esbaldavam com os chopps gelados das diferentes cervejarias nacionais, o Borussia Verein Blumenau foi criado. Nada mais alemão para outubro, o período mais alemão no Brasil e, sobretudo, em Santa Catarina.
O nome deixa claro a inspiração para o clube, originado em 7 de outubro de 2014: o Ballspiel Verein Borussia Dortmund. Mas se engana quem acha que a ideia foi um gesto apaixonado de um torcedor. Tudo não passa de algo estratégico.
Afinal, boa parte dos mais 330 mil habitantes de Blumenau são alemães ou descendentes de alemães. "Fomos estudar, descobrimos que muitos dos imigrantes vieram da Prússia e resolvemos homenagear essas pessoas", declarou o presidente do clube, Wanderlei Laureth, ao ESPN.com.br. Borussia significa justamente Prússia, em latim.
Além disso, pesou o bom momento vivido pelo Dortmund nos últimos cinco anos, tendo sido bicampeão alemão e vice-campeão europeu. Dessa forma, o escudo – que foi feito pensando no símbolo de uma torcida organizada e é "100% legal", segundo Wanderlei – e o uniforme foram desenhados sempre pensando na equipe germânica.
Apesar de usar os campeões europeus de 1997 como modelo, o presidente enfatiza que a ideia não é criar uma filial. De qualquer forma, ele já sonha com uma futura cooperação entre os clubes. "Eventualmente poderíamos até ter uma relação, em que poderíamos até facilitar uma transferência de um jogador nosso."
Com o clube fundado, agora o foco é a finalização da parte burocrática. "O nome está acertado, está sendo registrado ainda, vai sair em janeiro quando voltar de recesso", contou o mandatário, que ainda negocia o patrocínio para o time. Nada mais simbólico do que usar o mesmo que o do Borussia Dortmund, não? Pois é isso que o time de Blumenau pretende.
Wanderlei foi atrás da Evonik, empresa do ramo da indústria química, e inclusive já utiliza o nome da marca estampado no peito da camisa. Por enquanto, é apenas uma simples parceria, mas o foco é que se amplie para um acordo comercial. E ajuda da própria Evonik, no Brasil, não falta. "Tem uma carta que está nas mãos do pessoal da Evonik, da Alemanha – graças ao intermédio da Evonik, do Brasil -, perguntando o que eles achavam de patrocinar."
Quanto ao extracampo, além da parte judicial, o Borussia Blumenau também tem se movimentado quanto aos assuntos relacionados ao futebol. Rodrigo Cascca, que trabalhou no Blumenau EC, foi anunciado como novo técnico da equipe. Enquanto não há elenco, ele atua como um diretor e já faz análises para a montagem do time que só irá a campo em agosto, para a disputa da terceira divisão do Campeonato Catarinense.
Sem competições para disputar atualmente, a equipe pode se orgulhar de ter começado sua jornada com um triunfo. Em 13 de dezembro, o Borussia Blumenau venceu o Amazonas por 2 a 1, no Canto do Rio Futebol Clube, diante de pouco mais de 100 espectadores, em seu primeiro amistoso da história.
O campo do jogo inaugural, inclusive, pode ser a casa do time aurinegro, já que é uma opção financeira mais viável. Afinal, o Monumental do Sesi, estádio que o Metropolitano – time da elite do Catarinense – usa exige um gasto alto para o padrão do Borussia Blumenau. Porém, há alternativas, inclusive em Pomerode, cidade próxima a Blumenau e que é conhecida por ser a mais alemã do país. "Até fevereiro esperamos ter um campo para mostrar para a polícia e os bombeiros."
Apoio da Oktoberfest
Além de ter fundado o Borussia Blumenau na última edição da Oktoberfest, Wanderlei espera que a relação do evento seja ainda maior com o clube. Afinal, se trata de uma grande oportunidade para fazer novos admiradores da equipe.
"Vamos estar jogando na época (da Oktoberfest). Vamos falar com a prefeitura e organização de fazer uma parceria para divulgar, fazer camisas e canecas. Tentaremos divulgar, visando esse público, de São Paulo, Rio Grande do Sul, para que tenha vontade de vir, comprar nossas coisas, assistir ao time", declarou.
Até por essa ‘ajuda’ da tradicional festa germânica, o presidente não esconde seu otimismo para o futuro próximo do novo time, que tem como grande objetivo dar maior visibilidade a Blumenau, quando o assunto é futebol. "Sou um amante do esporte e da cidade, e é uma cidade que não ganha nada", afirmou Wanderlei, que está "trabalhando para que a muralha amarela cresça aqui também."
