Até pouco tempo atrás, Jemerson se pegava pesquisando o próprio nome no Google. O resultado? Não lembra nem um pouco a situação atual. Um dos principais destaques do Atlético-MG na vitória de 2 a 0 sobre o Cruzeiro na última quarta-feira, na primeira partida da final da Copa do Brasil, o zagueiro de 22 anos ainda não está totalmente acostumado com a fama.
"Um tal de Dr. Jemerson sempre aparecia nessas pesquisas, odontologista, algo assim", se diverte, em entrevista ao ESPN.com.br.
Uma rápida simulação mostra como tudo isso mudou.
As notícias envolvendo a revelação alvinegra não só surgem entre as primeiras hoje na ferramenta de pesquisa, como também devem provocar remorso nos responsáveis por recusá-lo antes.
Foram três até a chegada a Belo Horizonte: Santos, Palmeiras e Vasco.
"No Santos, passei quase dois meses, não sei por que não fiquei. Estava num período de teste, mas treinava com o grupo todo, estava pronto até para viajar e não liberaram porque não tinha contrato. Surgiu, então, a oportunidade do Palmeiras, outro mês em avaliação, era complicado, morava com meu irmão e tinha de sair às 4h da manhã para treinar. E, por fim, estive por uma semana no Vasco, ainda bem que não permaneci, a situação da base é complicada ali", afirma.
Jemerson, ou Jerê, como é conhecido entre os colegas – uma referência à sua cidade natal Jeremoabo, no interior da Bahia -, atravessa o melhor momento de sua carreira. Foi escolhido pelo técnico Levir Culpi para substituir o experiente Rever e não decepcionou.
Na última quarta-feira, praticamente anulou o artilheiro cruzeirense Marcelo Moreno.
Não passou nada.
"Para ser sincero, talvez ele não tenha jogado ainda o que jogava na base. Ele sente pouco qualquer jogo", diz André Figueiredo, coordenador das categorias de base alvinegras.
A maturidade que o defensor mostrou até aqui surpreende.
Até os 17 anos, a sua rotina se resumia ao trabalho na roça capinando. Somente após se destacar em um torneio no interior da Bahia e aceitar convite para atuar pelo Confiança-SE, o futebol entrou mais fortemente em sua vida. Ao lado de três garotos, foi tentar a sorte no clube sergipano. Permaneceu por pouco mais de uma temporada até, enfim, ser aprovado no Atlético-MG.
Foram dois anos morando no alojamento da Cidade do Galo.
Em qualquer tarde no local, é comum ver jovens jogadores tentando arrancar manga dos pés da fruta que ficam na entrada do centro de treinamento. Não era o passatempo preferido de Jemerson.
"Na Bahia, tinha bastante manga, mas precisava viajar 18 km a pé ou a cavalo para conseguir uma sacola. Cheguei aqui e não quis saber mais disso, não", brinca.
Jemerson conhece os atalhos. Da vida. E também do sucesso – o Google pode testemunhar.