Dois dias após desencadear a sétima fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal (PF) continua à procura de dois dos 25 investigados que tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal do Paraná na semana passada. Fernando Soares, lobista conhecido como "Fernando Baiano", e Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), não foram localizados pela PF e são considerados foragidos.
Conforme a assessoria da PF, Fernando Baiano e Adarico Negromonte estão sendo procurados desde sexta. O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, expediu mandado de prisão temporária contra os dois. Nesta modalidade de prisão, a pessoa pode ficar detida no máximo por cinco dias.
Como os policiais federais ainda não os localizaram, os nomes de Fernando Baiano e Adarico Negromonte foram registrados no sistema da Polícia Federal e estão impedidos de deixar o país. Eles também foram incluídos na lista de alerta vermelho da Interpol, a polícia internacional.
Ao depor à PF e ao Ministério Público Federal em outubro, o doleiro Alberto Youssef, considerado um dos líderes da organização criminosa desarticulada pela Lava Jato, disse à Justiça Federal do Paraná que Fernando Baiano operava a cota do PMDB no esquema de corrupção que tinha tentáculos na Petrobras.
O doleiro afirmou ao juiz federal que Fernando Baiano fazia a ponte entre a construtora Andrade Gutierrez com a estatal do petróleo. A assessoria de Michel Temer, presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, informou nesta sexta que o lobista “nunca teve contato institucional com o partido".
Já Adarico Negromonte é apontado pela Polícia Federal como responsável pelo transporte de propinas em malas. Ele e Fernando Baiano são suspeitos de serem operadores do esquema de corrupção.
nço das prisões
Ao todo, 23 pessoas foram presas pela PF na última sexta-feira (14), na mais recente etapa da Lava Jato, batizada de "Juízo Final". Entre os presos estão executivos de algumas das maiores construtoras do país e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
Na noite deste sábado, três executivos da empreiteira Camargo Corrêa chegaram à Superintendência da PF em Curitiba e se juntaram a outras 20 pessoas que já tinham sido presas na sexta.
A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do MPF. Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.
Neste domingo (16), parte dos presos foi levada ao Instituto de Medicina Legal (IML) de Curitiba para passar por exame de corpo de delito. O micro-ônibus e a van que transportaram os suspeitos ao IML foram escoltados por viaturas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da PF. Renato Duque e os presidentes das construtoras UTC, Ricardo Pessoa, e OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, são alguns dos presos que foram fazer a perícia neste domingo.
Depoimentos
De acordo com a Secretaria de Justiça do Paraná, a Justiça Federal ainda não solicitou a transferência dos 23 presos que estão na Superintendência para nenhuma penitenciária do estado. Neste domingo, a Polícia Federal voltou a tomar o depoimento dos detidos. A expectativa é que todos sejam ouvidos pelos delegados federais até a próxima terça (18).
Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná, Juliano Breda, os advogados dos presos na Lava Jato receberam cronograma com a ordem dos depoimentos.
Conforme balanço divulgado pela PF, além das 23 prisões, foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis.