Mãe de jovem que torturou menor depõe e diz que filha desapareceu

Guilherme Lucio/G1Tatuagem no braço ajudou a polícia a identificar a suspeita

Tatuagem no braço ajudou a polícia a identificar a suspeita

A mãe e a irmã da jovem que sequestrou e torturou uma adolescente de 17 anos prestaram depoimento na Delegacia da Mulher de Praia Grande, no litoral de São Paulo. A agressora foi identificada como Elisângela Granneman, de 22 anos, e segundo os familiares está desaparecida. A agressão ocorreu após Elisângela suspeitar que a adolescente estava tendo um caso com o namorado dela. Um vídeo da agressão foi publicado na internet e teve grande repercussão.

De acordo com a delegada Rosemar Cardoso, responsável pela investigação do caso, a mãe e a irmã da agressora já prestaram depoimento na delegacia. A mãe da jovem informou que não sabe nada sobre o paradeiro da filha e que irá procurar a garota para que ela também possa dar uma versão sobre o caso. Já a irmã da jovem negou que estivesse presente durante o espancamento.

Informações obtidas pelo G1 apontam que a jovem teria fugido para o Paraná. Segundo a delegada, outras duas pessoas que participaram das agressões já foram identificadas. "A mãe da Elisângela sabia da existência do vídeo. Todas as jovens já estão intimadas a depor. Elas devem responder por sequestro, cárcere e tortura. O ex-namorado das garotas foi identificado também, mas ainda não foi localizado", explica.

Histórico

A adolescente de 17 anos que foi sequestrada, torturada e espancada por outra jovem que suspeitava de uma traição do marido falou, nesta terça-feira (30), pela primeira vez sobre as agressões que sofreu. Em entrevista ao G1, a vítima, que prefere não ser identificada, admitiu ter namorado o pivô da confusão (marido da acusada). Porém, ela afirma que nunca se relacionou com ele enquanto o rapaz estava com a outra. Além das cicatrizes causadas por queimaduras de cigarro, a adolescente sofreu uma deformação no crânio. Ela conta também que tem evitado sair de casa (assista abaixo o relato da vítima sobre o crime).

Quase um mês após o caso, a adolescente resolveu buscar ajuda da polícia. "Ela não tem que fazer isso com ninguém. Não tem preço o que ela fez. Ela tem que amargar na cadeia, que é o lugar dela”, afirma a vítima. A jovem registrou um boletim de ocorrência somente nesta terça-feira (30), por medo de represálias. Na companhia do advogado Wilson Barbosa e da mãe, ela prestou depoimento na Delegacia da Mulher de Praia Grande.

O relato da vítima

A jovem relata que conheceu o rapaz em uma casa noturna. Eles começaram a sair juntos e namoraram durante um ano. Após o término do namoro, em maio, a vítima diz que apenas conversava com o ex por telefone. “Ele começou a ficar com ela. Passou uma semana e ele já foi morar com a garota. Aí passou um mês, ele começou a me ligar, a me procurar. Ela descobriu, começou a me xingar no Facebook, falar que eu era ‘talarica’, que ela ia me pegar, que eu era safada”, lembra.

A vítima conta que o rapaz acabou terminando o namoro. “Ela pegou e ficou com raiva. Pensou que era por minha causa. Tentou cortar os pulsos, se matar por causa dele. Aí foi até a casa da minha avó. Ela e mais duas amigas foram atrás de mim e falaram que iam me levar até ele. Eu, inocente, acreditei e fui”, conta. Ela foi levada para a casa da agressora, que trancou as portas e, na companhia de outras duas amigas, torturou a adolescente, segundo a polícia.

De acordo com a vítima, a agressora bateu em sua cabeça com uma panela de pressão e um capacete. “Ela fez eu tirar a minha roupa. Jogou vinagre e sal nas minhas partes íntimas. Me fez passar pano na casa dela, me deu chute na cara. Jogou a minha cara na parede, me jogou no chão. Ela me queimou com cigarro”, relata. A jovem acrescenta que agressora pedia para que ela confessasse a traição e a xingava de "safada e vagabunda", além de ameaçar ela e sua família. “Foi péssimo. Eu nem sei o que eu senti. Me senti sem vida”, diz.

Repercussão de vídeo da agressão

Uma das jovens que estava na casa gravou toda a ação. O vídeo foi postado em uma rede social e o caso repercutiu na internet. Com a propagação do vídeo, a vítima sentiu as consequências na própria rotina. “Não consigo mais trabalhar. Os outros ficam me olhando na rua como se eu tivesse ficado com o marido dela, como se eu fosse a talarica, como ela diz. Tudo o que ela falou lá é exatamente o que eu não sou. Eu não sou nada disso”, afirma.

Após a agressão, uma das jovens que estava no local levou a vítima até a casa da avó, onde ela pediu ajuda aos familiares. A mãe da vítima, a funcionária pública Rosemeire Aparecida de Souza, conta que a filha chegou em casa "deformada". “Eu vi como ela estava deformada. Fiquei pensando no psicológico dela, na tortura que ela passou. Ela foi muito torturada. Foi muito difícil para mim. No momento, o que eu pensava era em cuidar da minha filha”, conta.

A menina precisou ser internada por causa dos ferimentos na cabeça e das marcas, espalhadas, principalmente, pelo rosto e braços. Rosemeire afirma que a filha já estava sendo perseguida pela agressora antes do episódio. “Ela já tinha postado [na internet] que ia pegar a minha filha e que ia postar um vídeo”, falou. Ela, assim como a filha, não conhecia a torturadora, apenas o ex-namorado. Para ela, o garoto ainda tinha sentimentos pela filha dela e esse foi o motivo da revolta da agressora.

Agressão veio à tona

O vídeo que mostra a jovem torturando a menor de idade foi publicado em uma rede social, na última segunda-feira (29), por amigos da agressora. Antes de ser removido por violar os termos de uso do Facebook, a postagem acumulou, em menos de cinco horas, mais de 50 mil compartilhamentos.

Na gravação, que tem pouco mais de um minuto, a vítima já aparece com vários ferimentos no rosto. Durante a gravação, a agressora chega a apagar, em duas oportunidades, um cigarro no rosto da menor, que é obrigada a confessar que teria saído com o marido dela enquanto leva vários socos e tapas. O vídeo contém imagens fortes.

Fonte: G1

Veja Mais

Deixe um comentário