A morte do bebê Antony Jarbas, de apenas 8 meses, na noite dessa terça-feira (30), virou caso de polícia. O garoto estava internado no Hospital Hapvida, no bairro do Farol, e a família da criança alega que houve negligência por parte do hospital.
O caso foi denunciado à Defensoria Pública. Segundo a defensora Norma Negrão, Coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor, no dia 24 de setembro a mãe da criança, Paula Bonfim Ramos, esteve no órgão denunciando que a criança teve febre alta e que durante duas semanas procuraram o Hospital Hapvida. “Os familiares falaram que durante esse tempo, a criança era levada todos os dias ao hospital. Na emergência o bebê era atendido, medicado e liberado. Não havia, segundo a família, atendimento e tratamento adequado”, relatou a defensora.
Ainda segundo o relato da família à defensora pública, após várias idas ao Hospital Hapvida e não havendo melhoras, a família decidiu levar Antony ao Hospital Geral do Estado, onde foi detectado que a criança estava com Cardiopatia Infecciosa. “Segundo o que os familiares relataram, os médicos do HGE informaram que o quadro da criança teria agravado por falta de tratamento adequado. A criança foi internada, iniciou o tratamento e apresentou melhora”, contou a defensora.
A partir deste momento recomeçou a saga da família de Antony Jarbas, que queria que a criança fosse transferida para o Hospital Hapvida, já que pagavam pelo plano de saúde e queriam mais conforto para o bebê e o acompanhante. Os familiares voltaram a procurar a defensoria, alegando que o plano não queria aceitar a internação porque o plano ainda estava em período de carência.
“A mãe voltou aqui com estas informações e nós ingressamos com uma ação e o Juiz da 2ª Vara Civel, Gustavo Souza Lima, determinou a internação e multa diária no valor de quinhentos reais caso o hospital não acatasse. O oficial de justiça que levou a intimação voltou à 2ª Vara informando que a administração se recusou a aceitar e preferia pagar a multa. Neste momento, o juiz Gustavo Souza expediu uma ordem de prisão para os diretores e multa diária de cinquenta mil reais para o Hospital, que acatou e aceitou a criança”, relatou a defensora.
Quadro se agrava até a morte
Já internada no Hapvida, segundo os relatos da mãe à defensora, a criança passou a não responder ao tratamento e o quadro de saúde regrediu. Segundo Paula Bonfim, mãe do bebê, os medicamentos não eram ministrados nos horários corretos e a dose aplicada na criança era maior, o levando a morte. Ainda emocionada, a mãe relatou os momentos de agonia.
“Ele foi piorando muito. Por volta das 13h30 de ontem [30], meu filho começou a ter convulsões, procuramos os médicos e ninguém aparecia. Um médico chegou a ir ao quarto e disse que aquilo era normal. Às 18h ele foi levado para a UTI, isso porque os pacientes começaram a gritar falando que meu filho estava morrendo. Assim, por volta das 19h, eu entrei na UTI e senti que ele deu o último suspiro quando eu peguei na mão dele. Eu sabia que ele tinha morrido. Fui procurar a médica e ela disse que estava tudo bem e que iria realizar um procedimento, mas ele já estava morto”, relatou a mãe da criança.
Corpo da criança não foi encaminhado para o SVO
Apesar de a mãe do bebê ter certeza que o filho faleceu às 19h, somente às 23h o hospital confirmou a morte. Segundo Paula Bonfim, o hospital disse que a causa da morte era indeterminada e liberou o corpo.
“Eles liberaram o corpo do meu filho e levamos para a casa, no Tabuleiro. No IML nos informaram que não iriam recolher porque nestes casos o hospital deve encaminhar para Serviço de Verificação de Óbito”, disse Paula Bonfim.
A família foi registrar queixa na Central de Flagrantes, mas foi orientada a voltar outro dia, já que ela estava muito emocionada. Nesta quarta-feira (01), a mãe da criança voltou à Defensoria Pública, que acionou a Delegacia Geral.
Segundo a defensora Norma Negrão, a família registrou a queixa diretamente com o delegado-geral Carlos Reis, que foi pessoalmente ao IML resolver a liberação do corpo.
Investigação Policial
Diante do caso, a defensora Norma Negrão pediu que fosse feita a autópsia para saber as causas da morte. “Agora vão apurar as responsabilidades e saber se houve imperícia. Qualquer plano de saúde tem o dever de garantir assistência médica. Se foi negligência, vai ser apurado. Vai ser aberto um processo para buscar reparação à família e apurar a morte da criança, se poderia ter sido evitado ou não. Estamos trabalhando juntos com o delegado Carlos Reis para abrir um processo criminal. Não é a primeira que recebo reclamação do Hospital Hapvida. Vou informar o caso a Agência Nacional de Saúde", disse a defensora.
O sepultamento de Antony Jarbas será no cemitério São Lucas, no Tabuleiro. O horário ainda não foi definido.
Emocionada, a mãe do bebê pede justiça. “Quero justiça. Quero que feche aquilo. Lá não é um hospital e ainda vão tirar muitas vidas. O interesse lá é só por dinheiro”, declarou a mãe, acrescentando que pagava por mês R$ 195 reais de plano.
O Alagoas 24 Horas entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hapvida às 18h36 e a reportagem foi informada que a direção do hospital estava produzindo uma nota de esclarecimento, que será enviada à imprensa.