Após uma semana sem ataques, SC volta a registrar mais três casos

Charles Domingues/RBS TVÔnibus coletivo foi incendiado na noite de terça em Florianópolis

Ônibus coletivo foi incendiado na noite de terça em Florianópolis

Uma semana sem registro de ataques em Santa Catarina, a Polícia Militar (PM) confirmou mais três incêndios a veículos como parte da terceira onda de atentados. As ocorrências foram na noite de terça-feira (21) em Florianópolis, onde um ônibus coletivo e um carro particular foram queimados, e em Penha, no Litoral Norte, que teve um automóvel incendiado. Com isso, o número de ataques subiu para 113.

De acordo com o relatório divulgado pela PM às 8h30 desta quarta (22), desde o dia 26 de setembro foram realizadas 28 apreensões de materiais suspeitos. A polícia também prendeu 73 pessoas e apreendeu 23 adolescentes. Além disso, um agente prisional aposentado foi assassinado na frente de casa e dois suspeitos mortos em confronto.

Nesta quarta, o estado completaria uma semana sem registrar atentado, já que o último ataque havia sido no dia 14 de outubro. A capital catarinense é a cidade com mais ocorrências, registrando 20 até a manhã desta quarta. O incêndio de terça foi o segundo ataque em Penha desde o começo da terceira onda de atentados.

Um ônibus coletivo foi incendiado na noite de terça por três criminosos em Florianópolis. Segundo o Corpo de Bombeiros, que atendeu a ocorrência, o fato ocorreu por volta das 20h30 no Morro do Caju, no bairro Saco Grande.

Ninguém ficou ferido, mas o veículo ficou completamente destruído. Segundo a PM, os homens estavam armados ao entrar no ônibus. Eles deram ordem para que passageiros e os dois funcionários da empresa saíssem e colocaram fogo no veículo.

Em Penha, no bairro Gravatá, um carro particular foi incendiado por volta das 23h25. Segundo a PM, quando o proprietário chegou, havia uma garrafa com combustível queimando no interior do veículo Fiorino, que estava no pátio de uma oficina. O veículo é de um cliente. Segundo informações repassadas à PM, dois homens em uma motocicleta jogaram um coquetel molotov no interior do veículo.

Outro atentado foi registrado em Florianópolis, por volta de 23h45. Um automóvel 307 foi roubado por dois homens em uma moto no bairro João Paulo. Eles renderam o motorista quando ele entrava na garagem. Depois, o veículo foi encontrado incendiado no mesmo bairro.

Represália

De acordo com a chefe de Comunicação da Polícia Militar de Santa Catarina, tenente-coronel Claudete Lehmkuhl, esses últimos atentados podem ser uma represália dos criminosos relacionada a apreensões e operações da segurança pública. "Não havia sido descartado que ainda poderia haver uma reação ou outra", afirmou. Ela enfatizou que não houve determinação para suspender o policiamento.

Em relação aos ataques em Florianópolis, a tenente-coronel afirmou que eles ocorreram próximos ao local onde houve uma apreensão de drogas e a morte de um suspeito na semana passada. "Imagina-se que, de uma forma pontual, traficantes locais tenham feito isso como represália", disse.

Sobre o atentado de Penha, a chefe de Comunicação afirmou que, de sexta (17) a domingo (19), foi feita uma operação no Litoral Norte, com várias barreiras na cidade, o que também pode ter estimulado uma represália. "As operações continuam, estamos alerta", finalizou.

Ações contra os atentados

Na tentativa de combater a terceira onda de ataques, a PM reforçou o efetivo com policiais que estavam em férias e também de batalhões especiais como Bope, Choque e Ambiental. A corporação realiza barreiras e ações preventivas em locais considerados pelos setores de inteligência como de maior vulnerabilidade.

Diferente das outras duas ondas de atentados registradas no estado, uma em novembro de 2012 e outra em fevereiro de 2013, nesta terceira, ordens partiram de dentro e fora do sistema prisional, segundo a tenente-coronel Claudete Lemkuhl. Outra característica desta onda de atentados em relação às outras é o uso por parte de criminosos das redes sociais para espalhar mensagens falsas e causar pânico. A PM orienta que os internautas não passem essas mensagens adiante: que as ignorem ou informem à polícia.

Para ajudar a combater a ação dos criminosos, soldados da Força Nacional de Segurança atuam em Santa Catarina. Eles chegaram na madrugada do dia 4 de outubro e auxiliaram na transferência de 20 detentos catarinenses para outros estados.

No dia 7 de outubro, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, eles começaram a atuar em 10 barreiras fixas nas regiões de divisa com o Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina. A 11ª foi montada esta semana em Rio do Sul. O objetivo é coibir a entrada de armas e drogas e a circulação de foragidos da Justiça.

Esta terceira onda de ataques, segundo a polícia, é coordenada pela mesma facção criminosa das duas anteriores. Entre janeiro e março de 2013, ocorreram 114 atentados em 37 cidades catarinenses, segundo a PM. Antes, entre 12 e 19 de novembro de 2012, ocorreu a primeira onda de atentados no estado, com 63 alvos.

Ordem para os ataques

No dia 2 de outubro, o delegado responsável pela divisão de repressão ao crime organizado da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), Procópio Silveira Neto, havia dito que as ordens dos ataques partiram de presos transferidos de Santa Catarina para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Segundo ele, os apenados daquele estado se comunicam com os que estão na penitenciária catarinense de São Pedro de Alcântara. "[As ordens partiram] de Mossoró para São Pedro de Alcântara e daí se difundiram para rua", complementou.

Dois dias depois, sábado (4), o delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, disse que as afirmações sobre a ordem para os atentados ter vindo do presídio de Mossoró (RN), para onde foram transferidos outros presos durante a onda de ataques de 2013, não é confirmada. Segundo o delegado, a informação é baseada em gravações cujas origens ainda estão sendo investigadas. "Qualquer informação ainda é precipitada", disse ele.

Fonte: G1

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