O acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, então candidato à Presidência da República, em 13 de agosto do ano passado, foi causado por uma sucessão de falhas humanas, é o que teria concluído as investigações da Aeronáutica segundo matéria do jornal o Estado de S. Paulo. De acordo com a reportagem, a Aeronáutica chegou a conclusão de que o piloto, Marcos Martins não tinha treinamento para operar a aeronave e não seguiu a rota de pouso na Base de Santos, deixando de fazer uma manobra para tentar pousar direto na pista.
As investigações da Aeronáutica, que devem ser divulgadas em fevereiro, apontam que não houve falha mecânica durante o acidente. Por não ter cumprido a determinação de pouso, o piloto foi forçado a arremeter bruscamente, não teria operado os aparelhos como determina as recomendações do fabricante e acabou sofrendo “desorientação espacial”, quando se perde a noção de onde fica o solo e fica sem saber se voa para cima ou para baixo.
A Aeronáutica teria chegado a essa conclusão após analisar os últimos segundos do voo, onde o avião teria descido em potência máxima em um ângulo de 70 graus. A tese é que o piloto tenha acelerado achando que estava subindo.
Durante a investigação, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) teria traçado também um perfil psicológico e profissional dos pilotos e descoberto, por exemplo, que Marcos Martins não tinha treinamento para operar o Cessna 560 XL, tida como uma aeronave sofisticada, e sequer tinha pilotado ela em um simulador.
A Aeronáutica descobriu ainda que a relação entre ele e o co-piloto Geraldo da Cunha não era boa. Os dois já teriam brigado e não queriam trabalhar mais juntos. A chuva e o fato de a pista da Base Aérea de Santos ser curta teriam sido fatores agravantes para o acidente.
Eduardo Campos faleceu aos 49 anos, exatos nove anos após a morte do avô, o ex-governador Miguel Arraes. Em sua trajetória política, foi deputado estadual e federal, secretário da Fazenda, ministro da Ciência e Tecnologia, e governador de Pernambuco, antes de renunciar para concorrer ao Palácio do Planalto.
Ele deixou viúva a ex-primeira-dama Renata Campos, com quem namorava desde a juventude. O casal tinha cinco filhos: Maria Eduarda, João, Pedro, José e Miguel.