Pelo menos 32.776 pessoas foram atendidas somente no mês de julho nos cinco Ambulatórios 24 horas de Maceió, conhecidos como mini pronto- socorros. A população com problemas graves de saúde pode recorrer ao Noélia Lessa; Dom Miguel Câmara; Assis Chateaubriand, João Fireman e Denilma Bulhões. Cada unidade atende de segunda-feira a domingo em escala de plantão, de forma ininterrupta, a uma média de 300 pacientes por dia nas especialidades de clínica médica, pediátrica, odontológica, pequenas cirurgias e exames laboratoriais.
De acordo com a diretora de assistência pré-hospitalar, Cristina Calado, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), 70% dos atendimentos são da Atenção Básica, que deveriam ser dos postos de saúde de Maceió e dos Programas Saúde da Família (PSF). "Se os postos funcionassem como deveriam, a demanda dos ambulatórios seria menor e desafogaria ainda mais o Hospital Geral do Estado (HGE)", explicou.
Cristina ressalta que as unidades atendem a maioria dos casos de urgência, o que reflete no menor número de transferência para o HGE e evita a superlotação da instituição hospitalar. Segundo ela, somente os pacientes das especialidades de Neurologia, Cardiologia e vítimas de acidentes com traumatismos, sendo a maioria por veículos ou motos, são encaminhados ao hospital, uma vez que os Ambulatórios 24 Horas não dispõem de profissionais destas áreas.
Ilustra a situação o Ambulatório João Fíreman, localizado no bairro do Jacintinho. A unidade tem em seu quadro funcional 180 profissionais e atendeu em julho deste ano 6.474 pacientes nas urgências médica, pediátrica, odontológica, pequenas cirurgias e realização de hemogramas. Segundo o diretor–técnico, Elton Jofre Simões, o principal ganho dos mini pronto-socorros é a redução da demanda do HGE, já que eles fazem o trabalho que cabe à atenção básica – da alçada do município de Maceió – e da alta complexidade.
“A maioria dos pacientes deveria procurar o município, mas como nem sempre consegue acesso, dirige-se ao João Fíreman. Atendemos, diariamente, casos de crise hipertensiva, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), diarreia aguda, pequenos traumas (acidentados de motos ou veículos) e atropelamentos. Fazemos pequenas cirurgias (suturas) que não são de competência dos postos de saúde, mas seriam do HGE. Com isso, os mini pronto-socorros ajudam a diminuir a demanda do HGE”, explica Elton.
Segundo ele, o paciente hipertenso procura o ambulatório no pico hipertensivo porque não conseguiu ser acompanhado pelo município – postos de saúde – quando não estava em crise. “Quando a situação evolui para o pico vira de urgência e, neste caso, o paciente vem para o mini, que tem bom índice de resolutividade”, reforça. A jovem aposentada Eliane Correia disse que sempre procura o Ambulatório João Fireman quando tem crise de asma. “Fica mais perto da minha casa e tem menos gente que o HGE. A gente não espera tanto para ser atendida”, diz.
Já a dona-de-casa Marcéias Vieira – acompanhada da mãe Rosina – procurou o mini-pronto-socorro porque foi acometida por mais uma crise de eplepsia. “Sempre que pioro corro para cá porque sei que tem o remédio que preciso para sair da crise”, disse, enquanto se restabelecia. No Ambulatório 24 Horas Denilma Bulhões, localizado no Benedito Bentes, o usuário busca atendimento para os casos mais simples como dor de barriga e de dente ao mais complicados, como vítima de arma branca ou de fogo.
A gerente de Núcleo Josete Gomes afirmou que em julho um total de 6.742 pessoas foram atendidas e outras 258 transferidas para o HGE porque eram situações mais graves e o mini-pronto-socorro não está estruturado em termos de equipamentos e especialistas para atendê-las. “A maternidade Denilma Bulhões, que pertence ao município, está fechada há uma semana e as gestantes acabam migrando para o nosso Ambulatório 24 Horas, quando não estamos preparados para resolver o problema”, destacou a gerente, alertando que no quadro médico não tem ginecologista e obstetras.
A jovem dona-de-casa Andressa Nascimento estava com o filho Levi, de um ano e três meses, esperando ser atendida pelo pediatra. Ela disse que o filho está há um mês gripado e tendo febres constantes, que teria procurado um posto de saúde, mas o medicamento ministrado não reverteu o quadro de saúde do menino. “Sempre procuro este ambulatório porque é mais perto da minha casa e sinto-me mais segura para resolver o problema”.
No Ambulatório Assis Chateaubriand, no bairro do Tabuleiro dos Martins, a demanda é maior de acidentes graves, quedas, queimaduras, violência doméstica e asma. Em agosto, a unidade atendeu 11.553 usuários, segundo a gerente de Núcleo, Gleudilene da Silva. Com menos de um mês no cargo, ela diz que já traçou um projeto para melhorar ainda mais o atendimento.
A gerente diz que pretende trazer para a unidade um laboratório para realização de exames básicos, a exemplo de sumário de urina e hemograma, e contratar especialistas nas áreas de Ortopedia e Psicologia, uma vez que a demanda de pacientes por estas especialidades é expressiva.
Os mini pronto-socorros são na maioria das vezes para os usuários do SUS a única alternativa, já que não dispõem dos tradicionais planos de saúde, cada vez menos acessíveis à população. O motorista Sérgio dos Santos disse que, quando precisa de atendimento médico, se dirige ao Assis Chateaubriand e garante que nunca deixou de ser atendido. Desta vez, ele afirmou que trouxe a mãe Maria José dos Santos, 74 anos, que tem problema sério de diabetes.
“Não somos atendidos de imediato porque tem muita gente, mas não saímos sem atendimento. Se os postos de saúde funcionassem bem na capital e interior muita gente não precisava vir para cá. Os prefeitos não investem na saúde dos habitantes de seus municípios e eles sem ter para onde ir, quando adoecem, vêm todos para Maceió”, disse, em tom de desabafo.
O Ambulatório Noélia Lessa funciona no bairro Levada; o Dom Miguel Câmara, na Chã da Jaqueira; o Assis Chateaubriand no Tabuleiro; João Fireman no Jacintinho e o Denilma Bulhões no Benedito Bentes