O bruxismo é uma atividade involuntária do sistema mastigatório caracterizada pelo ato de ranger ou apertar os dentes, tanto de dia como de noite. E embora seja uma doença mais comum em adultos, pode ser observada em crianças a partir de um ano de idade. E são exatamente os menorzinhos que sofrem mais com esse problema. “Alguns autores relatam uma prevalência de 40% em crianças de três a seis anos de idade, de 17% na faixa de seis a sete anos e 24% na faixa dos oito aos nove anos”, diz Cássio Alencar, Odontopediatra da FOUSP.
Como perceber?
O ato de ranger os dentes ocorre mais durante o sono ou em períodos de preocupação, estresse ou excitação e vem acompanhado de um som fácil de perceber. Já o apertamento é um pouco mais difícil de ser notado. “Geralmente ele não possui ruídos e é mais comum durante o dia. O grande problema é que ele é considerado mais destrutivo porque as forças usadas nesse ato são mais contínuas e menos toleradas”, diz Cássio.
Os sinais mais comuns do bruxismo são o desgaste nas faces dentais ou fratura de algumas partes dos dentes, mobilidade e hipersensibilidade dentárias, super desenvolvimento dos músculos mastigatórios e dores nessa região e na cabeça, principalmente ao acordar.
Causas
As causas que levam uma criança a desenvolver o bruxismo vão, desde a presença de problemas na arcada dentária ou nos dentes, até problemas sistêmicos, psicológicos, hereditários ou até comportamentais. “Forte tensão emocional, problemas familiares, crises existenciais, estado de ansiedade, depressão, medo e hostilidade, crianças em fase de auto-afirmação, provas escolares ou mesmo a prática de esportes competitivos e campeonatos são os fatores mais preponderantes para o desencadeamento desta condição”, alerta o dentista.
Evitar e tratar
Apesar de as causas do bruxismo serem bastante conhecidas, Cássio revela que é praticamente impossível evitá-lo. “O bruxismo é de difícil diagnóstico e o tratamento ideal é a terapia multidisciplinar. O diagnóstico precoce em crianças permite a perspectiva de controle e prevenção de uma piora dos problemas no sistema mastigatório, além de propiciar bem-estar e conforto”.
O pediatra, por ser o primeiro profissional da saúde a ter contato com a criança, deve, assim que reconhecer o problema, encaminhar o paciente a odontopediatras e psicólogos que vão prescrever o tratamento adequado para cada caso. “Dependendo do desgaste dentário pode-se introduzir o uso da placa de mordida. Essa placa protege os dentes contra atritos e desgastes e reposiciona a mandíbula sem interferir no processo de crescimento das arcadas dentárias infantis ou alterar suas características físicas, além de ser um tratamento reversível e de boa aceitação pelas crianças”, diz Cássio.