O escritor, professor e odontólogo Anthony Leahy recebeu mais uma homenagem, pouco mais de cinco meses após o seu falecimento, aos 78 anos de idade. Desta vez, o ortodontista foi homenageado pela médica e escritora Mirian Marinho de Gusmão Canuto, que lançou na última semana o livro “A vida em retalhos”.
A coletânea é resultado de anos de registros sobre política, sentimentos, amizade e afeto. Composto por cem crônicas, o livro é marcado pelo olhar apurado e sensível voltado às questões danosas à sociedade, e preocupado com a complexa realidade política e social do País. Mas Mirian Canuto também encontra espaço para falar de flores, gestos, pessoas e sentimentos, oferecendo uma leitura agradável, cujas palavras prendem, deliciam, e leva a refletir a respeito de situações que afetam, de perto, todos os cidadãos.
Uma noite de autógrafos marcou o lançamento do livro, na última segunda-feira. Mirian Canuto recebeu amigos e a imprensa na data em que seu esposo e também cronista, Cícero Canuto, falecido este ano, faria aniversário e a quem ela dedica o livro.
Na homenagem ao amigo Anthony Leahy, a escritora lembra a relação de amizade que o casal manteve com a família Leahy. Veja, abaixo, trecho do livro.
Ao ilustre amigo Anthony Leahy
03 de abril de 2014
Há pessoas que passam pela vida e simplesmente desaparecem, quais andorinhas migrando para distantes plagas. Outras, como lavas de vulcão em erupção, petrificam o solo onde pisaram, perpetuando sua existência, imortalizando-se.
Estou me referindo ao ilustre amigo Anthony, que, como o meu inesquecível Cícero, petrificaram o solo onde nasceram, impregnando-o de bons exemplos, honradez e dignidade!
Ortodontista competente e carismático, foi responsável por grande parte de uma geração de belos sorrisos. O querido dr. Anthony de seus inúmeros clientes adolescentes era igualmente estimado e admirado pelos pais dos mesmos.
Pai e marido exemplar, compartilhou com Iana a primorosa educação de seus filhos: Sandrinha, Ivana, Sérgio e Ianinha, que difundiram e honraram seus brilhantes passos.
Nas últimas duas décadas, Cícero e eu tivemos a satisfação de tê-lo mais próximo, por moramos no mesmo prédio, sendo vizinhos “de porta”. Recordo-me, quando nas festas de Natal e Ano-Novo, vinha o elegante casal com aquela fidalguia que lhe era peculiar, abraçar-nos e partilhar as festividades com nossa família.
Certo dia, descemos juntos no elevador. Cícero o convidou: vamos viajar? Anthony respondeu: se for para a Irlanda, aceito a proposta. Iana se animou. Na mesma semana traçamos o roteiro.
Um mês depois, estávamos curtindo as belas paisagens da Escócia, a sempre querida Inglaterra e os encantos da Irlanda, país de seus ancestrais Leahy, onde o objetivo era a graciosa cidade de Cork. Foram dias inesquecíveis.
Sempre presente na enfermidade de meu amado Cícero, suas visitas eram marcadas pelo bom humor. Eles trocavam fatos pitorescos que muito os levavam a rir!
Versátil e sensível, contribuiu com a literatura alagoana com seus belos textos e poesias nas obras> “Divagações”, e “Devaneios”. Nelas refletiu sua autobiografia. Destacava o amor pela natureza, pela família e por sua querida Penedo, todos pontilhados nos bons princípios e retidão de seu caráter. Disse ele: “(…) há pessoas que não passam simplesmente pela vida. Ao contrário: marcam de tal modo suas presenças que nunca podem ser esquecidas…”.
Queridos Iana, filhos e netos, conheço bem os sentimentos os cercam. A dor e a saudade serão eternas. A certeza do amor recíproco entre vocês será o baluarte que os poiará nessa difícil trajetória. Minha admiração e saudade do ilustre amigo Anthony Leahy.