Depois de dizer que "não se sente confortável" no cargo, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, pode deixar o cargo, após o instituto ter divulgado a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013 com uma série de erros, mostrando, inclusive, que teria havido um aumento da desigualdade social no país.
"Confortável, não estou. Como presidente do IBGE não quero ser vista apenas como a que ficou nos momentos bons. Sou como um capitão que fica no seu navio", disse ela.
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que o governo está chocado com o erro no resultado da Pnad, que provocou incorreções em resultados de sete estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, que respondem por mais de 59% da população brasileira, segundo as estimativas populacionais para 2014. Entre os dados corrigidos, o IBGE informou que agora a desigualdade no país caiu, em vez de subir. O instituto negou que qualquer ingerência política tenha levado à correção dos dados.
Segundo Miriam, serão constituídas duas comissões: uma de especialistas fora do governo, para analisar a consistência da pesquisa, e outra de sindicância interna para encontrar as razões dos erros e apurar responsabilidades.
"O governo está chocado com esse erro cometido pelo IBGE. Como disse a presidente do IBGE, doutora Wasmália Bivar, é um erro gravíssimo", afirmou.
Na avaliação de interlocutores do governo, a presidente do instituto de pesquisa perdeu as condições de permanecer no cargo, embora não tenha sido anunciada nenhuma decisão oficial sobre o seu afastamento.
Ao saber do erro, a presidente Dilma Rousseff ficou muito contrariada, segundo auxiliares, e determinou a abertura da comissão interministerial para investigar o caso e descobrir os responsáveis pela situação, definida por ela como “inaceitável”.