Ilha do Pacífico quer comprar terras no exterior para compensar elevação do nível do mar

ReutersKiribati corre o risco de desaparecer se o nível dos mares aumentar

Kiribati corre o risco de desaparecer se o nível dos mares aumentar

O presidente da ilha-Estado de Kiribati, no Oceano Pacífico, é a favor da aquisição de terras no exterior para garantir o estoque de alimentos e talvez um futuro lar se o crescente nível dos mares alagar atóis em áreas baixas — e já fez uma compra em Fiji.

Anote Tong falou na Noruega, onde fez uma parada para ver o derretimento do gelo do Ártico, que eleva o nível dos mares, antes de comparecer a uma cúpula do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York na terça-feira (23), e disse querer estabelecer as condições para uma “migração com dignidade” das ilhas.

Kiribati, nação de 100 mil pessoas espalhadas por 32 atóis no Pacífico, finalizou um acordo com Fiji este ano para a compra de 2.400 hectares de floresta por 9,3 milhões de dólares australianos (8,3 milhões de dólares) na ilha de Vanua Levu, segundo afirmou Tong.

“Com a elevação dos mares, o valor da terra irá aumentar”, previu Tong em uma entrevista no final de semana. “Não irei realocar meu povo, mas outro pode fazê-lo” nas próximas décadas.

“Algumas pessoas sugeriram ‘por que não comprar (mais terras na) Austrália e na Nova Zelândia, já que estão vendendo para os chineses?’”, declarou. “Minha visão é ‘sim’… propriedade representa o menor dos riscos” comparada a outros investimentos.

Tong disse que os 500 milhões de dólares australianos do fundo soberano de Kiribati, arrecadados graças às minas de fosfato, foram afetados pelos investimentos externos ruins dos últimos anos.

Ele afirmou que várias ilhas de Kiribati foram abandonadas em parte porque os terrenos de cultivo em áreas rebaixadas se tornaram menos produtivos em função das tempestades repetidas que passaram a levar mais sal para a terra. “Está contaminando nossas colheitas de alimentos”, disse.

Plantações nas áreas mais elevadas de Fiji podem ajudar a assegurar a segurança alimentar de Kiribati, mas a relocação é complexa porque envolve questões de direito de residência e cidadania.

Tong afirmou que Kiribati não mencionou uma relocação às autoridades fijianas quando adquiriu a terra, mas que o presidente fijiano, Epeli Nailatikau, disse que "Fiji lhes dará as boas-vindas" caso isso seja necessário um dia.

A Aliança de Pequenos Estados-Ilha (Aosis, na sigla em inglês) exortou ações mais contundentes das nações desenvolvidas na cúpula em Nova York para que reduzam as emissões de gases de efeito estufa, responsabilizados por um comitê de especialistas da ONU pelas ondas de calor, pelas inundações e a elevação dos mares.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participou de uma marcha pela ação climática também em Nova York no domingo, que os organizadores afirmam ter reunido cerca de 310 mil pessoas, a maior manifestação já feita sobre o tema.

Fonte: Reuters

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