Brasil: a mídia e as eleições de 2014

Jorge Vieira, jornalista e antropólogo
Jorge Vieira, jornalista e antropólogo

O Brasil, nas décadas depois do ciclo dos governos militares, tem vivenciado um processo duro de aprendizado na busca de construir uma sociedade mais democrática, participativa, justa, ética e igualitária. Um desses caminhos trilhados tem acontecido através do processo eleitoral. Em 2014, a população brasileira apta a votar é convocada para eleger seus representantes para a Assembleia Legislativa, governo do Estado, Câmara federal, Senado e presidência da República.

As últimas décadas têm deixado lições importantes. Por um lado, no período da ditadura militar, gerações inteiras foram alijadas do processo de participação nos destinos do país; mas, com o processo de redemocratização, surgiram novas perspectivas políticas, novos partidos e projetos de sociedade. Ao mesmo tempo em que a sociedade amadureceu, as instituições se fortaleceram e as conquistas sociais se materializam.

Em nível nacional, no campo democrático, emergiram dois projetos políticos de sociedade, expressos e conduzidos pelos partidos PSDB e PT, aglutinando forças das mais diversas conotações, correntes e opções políticas. A cada eleição, alguns setores buscam criar uma alternativa a essa polarização que, positivo em político positivo, mas eleitoramente inviável, a exemplo de pequenos partidos no campo mais radical da esquerda e da direita.

No contexto eleitoral de 2014, mais uma vez o cenário tem se repetido. O PSDB, originalmente nascido no campo da social democracia, influenciado pela conjuntura internacional, aliou-se nacionalmente com as forças neoliberais, abdicando do seu projeto e pautando-se pelo campo do Estado mínimo, esvaziando as políticas públicas e delegando ao mercado a responsabilidade pelo destino da nação. O PT, por sua vez, enraizado nos setores mais excluídos da sociedade e da esquerda socialista, com a eleição de Lula para a presidência, ocupou o espaço vazio deixado por seu oponente.

Com essas mudanças e conjugação de forças, o PSDB perdeu a sua vitalidade política, enquanto que o PT, com as suas políticas públicas de erradicação da miséria, distribuição da riqueza, geração de emprego e renda, conquistou e fortaleceu o discurso social junto aos setores pobres da sociedade, alavancando o desenvolvimento social a patamares nunca antes vivenciado no país.

Diante desse novo quadro, o que tem ocorrido nas últimas eleições, mais uma vez, a chamada grande mídia, refratária dos interesses do capital internacional e dos setores abastados da sociedade brasileira, tem se postado como uma terceira via partidária, manipulando dados e pesquisas, distorcendo projetos políticos e promovendo candidaturas de acordo com as conveniências conjunturais que lhes interessa. Essa postura, além de inconstitucional contribui negativamente para a despolitização da população, principalmente junto aos setores que têm menor possibilidade de acesso a uma informação fundamentada em princípios éticos e objetivos.

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