Liberdade de expressão foi o argumento usado pelo departamento jurídico do Botafogo e aceito pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para absolver Emerson Sheik, no julgamento desta segunda-feira, pelas críticas que fez contra a CBF. Logo após a decisão, o atacante comemorou o resultado, fez "mea-culpa" de seu desabafo, mas já apontou outro equívoco da entidade que comanda o futebol brasileiro.
Livre para se expressar, Emerson demonstrou a sua personalidade e criticou a forma como a CBF marcou uma reunião na próxima quinta-feira, às 15h, da comissão de arbitragem com os capitães dos 20 clubes participantes do Campeonato Brasileiro da Série A.
"Acho que a CBF mais uma vez está agindo equivocadamente em relação a isso. Porque o ideal seria não só a presença dos capitães, mas que todos pudessem participar, já que quando tem um jogo de futebol não são só os capitães que jogam. Acho que quem quer fazer algo para melhorar a arbitragem deveria disponibilizar profissionais qualificados para ir aos clubes para detalhar aos atletas, e não só os capitães", disse Sheik, que logo em seguida emendou e não segurou os risos.
"Não posso falar besteira, estou aqui dentro (do STJD) ainda".
Em julgamento da Primeira Comissão Disciplinar do STJD, Emerson foi absolvido pela polêmica frase "CBF, você é uma vergonha", mas acabou pegando quatro jogos de suspensão pelas ofensas ao árbitro Igor Benevuto depois de ser expulso na derrota para o Bahia, por 3 a 2, no dia 17 de setembro. Ao comentar sobre o processo, o próprio atacante botafoguense se mostrou surpreso com os discursos dos auditores do tribunal.
"Acho que a bancada hoje deu um espetáculo, preservando a democracia. Realmente quando cheguei aqui, vi um monte de caras engravatados querendo me enforcar. Mas eles me surpreenderam porque conseguiram dar um passo à frente, principalmente em relação ao futebol, preservando a democracia e o direito de cada um falar o que quer", afirmou.
Sheik também deixou claro que vai manter a sua postura crítica em relação a tudo que envolve o futebol. Muitas vezes polêmico fora de campo, o jogador do Botafogo espera o engajamento de outros atletas em debates para a melhoria do esporte, como na questão da arbitragem, por exemplo.
"Os atletas deveriam aproveitar esse momento, que não é normal, para se unirem. Nós precisamos participar de tudo isso sem medo. Eu talvez não tenha escolhido o melhor lugar, mas essa bancada teve sensibilidade para entender isso. Devemos participar dessa discussão, porque se não fossem os atletas não existiria o futebol", disse o atacante.