Ao menos 3.700 crianças da Libéria, Guiné e Serra Leoa perderam um de seus pais por causa do ebola, segundo estimativas do Unicef divulgadas nesta terça-feira (30). O Fundo das Nações Unidas para a Infância alerta que, devido à intensificação da doença nas últimas semanas, a quantidade de órfãos pode dobrar de agora até meados de outubro.
“Sabemos que as cifras que temos até o momento são apenas a ponta do iceberg”, disse Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para o Oeste da África.
Um dos principais problemas enfrentados por essas crianças é o fato de que, muitas vezes, o restante de seus familiares os rejeitam por acharem que podem se infectar com a doença mortal.
“O estigma é o principal problema que enfrentamos. Normalmente, são raras as famílias africanas estendidas que não assumem os cuidados com qualquer criança. Isso mostra que o medo impera”, explicou Fontaine. “Vemos que alguns parentes ou vizinhos alimentam esses órfãos, mas não querem levá-los”, disse.
Com esta situação, a agência da ONU tenta criar unidades para abrigar as crianças órfãs.
Número de mortos passa de 3 mil
Em seu balanço mais recente, a Organização Mundial da Saúde, a OMS, informou que um total de 6.574 pessoas foram infectadas com a febre hemorrágica em cinco países do oeste da África e, destas, 3.091 morreram desde o início da epidemia, no começo do ano.
Na Guiné, onde o surto começou no ano passado, o ebola infectou 1.074 pessoas, matando 648 delas. Na Libéria, país mais atingido, 3.458 pessoas foram infectadas e delas 1.830 morreram. Em Serra Leoa, o vírus infectou 2.021 pessoas e matou 605.
A Nigéria teve 20 casos, com oito mortes, e o último caso registrado no país data de 5 de setembro. O Senegal, que só teve um caso confirmado de ebola, só pode ser considerado livre do ebola depois de 42 dias do registro da doença.
Profissionais de saúde
Os profissionais de saúde, escassos nos países pobres, foram bastante afetados pela epidemia. Até o dia 23 de setembro, foram 375 infectados na África ocidental. Desse total, 211 morreram.
Na Guiné, 67 profissionais de saúde foram infectados e 35 morreram. Na Libéria, foram 184 infectados e 89 mortos. Em Serra Leoa, 113 infectados e 82 mortos. Na Nigeria, 11 profissionais de saúde foram infectados e cinco morreram.
A República Democrática do Congo também passou pelo surto de ebola. Até 23 de setembro, a doença matou no país 42 das 70 pessoas infetadas. Desse total, oito eram trabalhadores da saúde.