Quatro anos após terremoto, 170 mil haitianos ainda vivem em acampamentos

Agência BrasilQuatro anos após terremoto, 170 mil haitianos ainda vivem em acampamentos

Quatro anos após terremoto, 170 mil haitianos ainda vivem em acampamentos

Brasília – Quatro anos depois da tragédia que deixou 220 mil mortos e 2,3 milhões de desabrigados, 171.974 pessoas ainda vivem em campos de desabrigados no Haiti, segundo a Anistia Internacional (AI). Em relatório, a entidade informa que a grande maioria dos acampados continua em péssimas condições sanitárias. O terremoto arrasou o país, que teve prédios públicos, hospitais, escolas e casas destruídos.

A tragédia ocorreu em 12 de janeiro de 2010, quando um terremoto de 7,3 graus na escala Richter e duas réplicas de menor magnitude atingiram o país mais pobre das Américas, gerando comoção mundial e reações por parte de organizações estrangeiras, de entidades civis e da comunidade internacional. Entre os mortos estão a médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, e 18 militares brasileiros, além do vice-representante especial do secretário-geral da ONU, Luiz Carlos da Costa.
O Brasil passou a ser um dos principais colaboradores dos trabalhos coordenado pela Organização das Nações Unidas no processo de reconstrução e capacitação profissional do Haiti e para redução da tragédia humanitária no país. A reorganização do Haiti ainda está em andamento e conta com o apoio de uma ação coordenada pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional.
Além de ajudar na reconstrução do país, o Brasil é o maior fornecedor de tropas para a Missão de Paz das Nações Unidas (Minustah), que está no Haiti desde 2004. As tropas têm o objetivo de garantir a estabilidade e segurança do país. Os militares brasileiros trabalham também no desenvolvimento urbano com projetos de engenharia, como pavimentação de ruas e iluminação pública, além de projetos sociais.

O governo brasileiro investe ainda em projetos de cooperação técnica, especialmente na área de saúde, com a construção de três hospitais, dois laboratórios regionais, um centro de reabilitação, além da formação profissional de 2 mil agentes de saúde, no valor de US$ 70 milhões. O Brasil assinou ainda um acordo para a construção de uma usina hidroelétrica projetada pelo Exército Brasileiro, que fornecerá eletricidade para mais de 1 milhão de famílias. A usina fica a 60 quilômetros da capital, Porto Príncipe.

De acordo com a Anistia Internacional, existem 306 acampamentos que alojam desabrigados no país. Desse total, apenas 8% têm fornecimento de água; e 4%, gestão de resíduos. Apenas 54% (166) acampamentos têm banheiros, o que representa um vaso sanitário para cada 114 pessoas.
Essas condições, informa a AI, expõem os desabrigados a numerosas doenças. Desde o surto de cólera de outubro de 2010, houve 8.531 mortes provocadas pela doença. Para 2014, o Ministério da Saúde haitiano prevê 45 mil novos casos.

Além de lidarem com a precariedade sanitária, os acampados convivem com a ameaça de remoção dos acampamentos. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 11% dos campos de desabrigados haviam sido fechados à força até setembro de 2013, enquanto 45% da população nessas áreas estavam sob risco de despejo.

Segundo a OIM, 113.595 famílias de desabrigados foram realocadas em abrigos temporários, enquanto mais de 54.758 conseguiram se cadastrar em programas de subsídios de aluguéis, recebendo cerca de US$ 500 para alugar uma moradia durante um ano e US$ 125 para iniciar atividades geradoras de renda.

A Anistia Internacional, no entanto, questiona a capacidade de os beneficiários desses programas conseguirem se manter no longo prazo. De acordo com a entidade, uma avaliação de doadores internacionais constatou que 60% das famílias que recebem complementação para o aluguel acreditavam que não teriam recursos para manter a qualidade de acomodação após o fim dos subsídios. Além disso, 75% das pessoas que se mudaram após o fim dos contratos estavam morando em condições piores.

Fonte: Agência Brasil

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