Este ano o Plano Real completou duas décadas de existência. O fim da inflação e a conquista da estabilidade econômica é um marco da economia de nosso país. O plano conseguiu interromper o ciclo inflacionário de décadas e criou as bases fundamentais para o crescimento econômico de longo prazo.
O Plano Real foi também primordial para a modernização da economia, o que proporcionou o início de credibilidade externa para o nosso país. Antes dele, o brasileiro padecia com uma das inflações mais galopantes do mundo. O aumento dos preços de bens e serviços era assustador.
Nunca é demasiado repetir que entre 1965 e 1994 acumulamos uma inflação de 1,1 trilhão. Isso mesmo, uma hiperinflação de 16 dígitos e, neste mesmo período, o país cortou nada menos do que 12 dígitos da moeda nacional.
No processo histórico da inflação brasileira, mais intensamente verificado na metade do século passado, várias foram as causas que levaram à espiral inflacionária. Entre eles, o excesso de gasto público, as crises políticas, a crise internacional do petróleo e o endividamento crescente do país no exterior. A cada mês se perdia o poder de compra do Cruzeiro, a moeda da época. A desconfiança em nossa economia era enorme. A desarticulação da vida econômica era total.
Um dos resultados mais nefastos da inflação é a perda de poder aquisitivo dos salários. Quem mais perde com ela são os mais pobres, apesar dela afetar a vida de todos, dificultando qualquer tipo de planejamento a curto, a médio ou a longo prazo.
O Plano Real conseguiu mudar a trajetória ascendente da escalada dos preços, desativando o sistema de indexação da moeda. Com isso a saúde de nossa vida econômica pôde ser restabelecida.
Deixamos de vivenciar taxas de inflação de quatro dígitos ao ano para conviver com taxas civilizadas, de um dígito ao ano. Com isso houve possibilidade de uma sensível melhoria da renda das camadas menos favorecidas da população.
Atualmente, a nossa moeda, o Real, é a 16º mais negociada no mundo e deixamos para trás as desconfianças internacionais sobre a capacidade do Brasil se organizar economicamente. Uma economia estável, com a inflação domesticada permitiu ainda que se iniciasse no Brasil um dos maiores programas de redistribuição de renda do mundo.
Tudo isso é muito positivo, mas há ainda um longo caminho a percorrer no sentido de diminuir as desigualdades no Brasil. O importante é que o primeiro passo já foi dado lá atrás, em 1994, com o Plano Real, um patrimônio do Brasil e de sua sociedade, que foi concebido e implementado pelo saudoso presidente Itamar Franco e pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
(*) É senador pelo PMDB e presidente do Congresso Nacional
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