O júri da quarta etapa do julgamento do Carandiru será formado por três mulheres e quatro homens. A escolha dos jurados teve início às 10h30, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste paulistana. Entre os sorteados, inicialmente, a defesa recusou um e o Ministério Público, três. Em seguida, todos passaram por análise ambulatorial, sendo que apenas um não passou nos exames. Após a definição do júri, a sessão foi aberta às 12h10 e, imediatamente, suspensa até as 13h30 para leitura de peças e almoço.
Nesta fase serão julgados 12 policiais militares, integrantes do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate), que atuaram no quinto pavimento (quarto andar) da extinta Casa de Detenção do Carandiru. Eles são acusados pela morte de dez presos e pela tentativa de homicídio de mais três. O julgamento foi desmembrado por envolver um grande número de réus e de vítimas e a divisão foi feita conforme o que ocorreu em cada um dos quatro pavimentos.
O advogado de defesa Celso Vendramini disse, antes entrar no plenário, que vai negar a autoria do fato diante da inexistência de provas e da impossibilidade de individualizar a conduta dos réus. “Este é um júri ideológico e político. Eles efetuaram disparos, sim, mas que eles acertaram algum preso, não há prova alguma”, declarou. O júri deve durar de cinco a seis dias.
Após leitura das peças, o júri terá início com o depoimento das testemunhas de acusação. Segundo os promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto, três das testemunhas de acusação são sobreviventes do massacre. Também serão ouvidos o ex-diretor da Divisão de Segurança e Disciplina da Casa de Detenção Moacir dos Santos e o perito criminal Osvaldo Negrini, que já foram ouvidos nas etapas anteriores. Em seguida serão ouvidas as cinco testemunhas de defesa
O maior massacre do sistema penitenciário brasileiro ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante a invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do Presídio do Carandiru.