Acusados de agressão em boate são condenados; mas ficam em liberdade

Alagoas24horasJuíza questiona Charlão sobre agressão a estudante

Juíza questiona Charlão sobre agressão a estudante

O julgamento de uma briga na saída de uma boate de Maceió ocorrida em 2004, que terminou com o espancamento de Klebson Silva de Almeida, de 19 anos teve um desfecho após dez anos. Os réus foram condenados a pena de lesão corporal leve.

Como a pena para esse tipo de crime já está prescrita (varia de três meses a um ano e prescreve em dois anos) os acusados não mais serão punidos pelo Estado. "A promotoria está satisfeita com a desclassificação do crime para lesão corporal leve porque já defendia essa tese desde 2004, época da ocorrência. Se naquele ano os réus tivessem sido julgados, provavelmente teriam sofrido punição", afirmou o promotor de Justiça Marcus Mousinho.

A Juíza Lorena Carla Sotto-Mayor também atribuiu ao Estado a culpa pela prescrição. "Não apliquei a pena por culpa do Estado. Agora prescreveu", concluiu.

Resumo do Júri

O caso ganhou repercussão local por envolver jovens de classe média. O conflito envolveu três lutadores de jiu-jitsu e ganhou a alcunha de “pit-boys”. A defesa encabeçada pelo advogado Raimundo Palmeira apresentou a tese de que o confronto entre os três envolvidos e a vítima teria sido uma confusão generalizada.

Já a a acusação, que tem à frente o promotor Marcos Mousinho, solicitou a desqualificação do crime para lesão corporal e utilizará como base os laudos técnicos da perícia que utilizou imagens do circuito interno do local para identificar os três acusados.

“Um dos crimes em que eles são acusados, o de lesão corporal, está prescrito, há ainda a tentativa de homicídio contra o Klebson que a juíza pode acatar”, explica o advogado. Caso eles sejam condenados devem cumprir no máximo seis anos em regime semiaberto.

Os acusados são Charles Alexandre França , o “Charlão”, professor de jiu-jitsu e treinador dos também acusados Leandro de Albuquerque Ferro e Paulo Henrique Gouveia. Os três são acusados pela promotoria de agredir a vítima que chegou a ir ao chão da boate e sofrer golpes enquanto estava desacordada.

Para Charles a história foi um pouco diferente. “Sempre fui doutrinado a manter o controle, houve uma confusão e agi por impulso e instinto de defesa do que por agressão”, disse em depoimento para a juíza Lorena Carla Sotto-Mayor. Ele alegou ainda ter sido agredido por cerca de 10 pessoas na confusão.

Charlão declarou ainda que não incentivou nenhum dos alunos a entrar na briga e que também não tinha desavenças contra a vítima.

A mesma versão foi contada por Leandro de Albuquerque, que afirmou ainda que no dia do show realizado na boate Uau, no Jaraguá, ele utilizara entorpecentes. “Consumi maconha e misturei com a bebida, não me recordo de muita coisa por causa do efeito do álcool”, admite.

O réu informou ainda que era dependente químico na época e que após o caso chegou a montar uma clínica de recuperação para ajudar outras pessoas em situação semelhante.

O crime ocorrido em 2004 e julgado durante o mutirão realizado pelo TJ-AL teve um desfecho fatal um ano depois. Familiares de Klebson Silva de Almeida afirmam que após ter sido espancado, o jovem passou a receber ameaças constantes por conta da repercussão na mídia.

Cerca de um ano depois, Klebson foi assassinado a tiros durante a saída de um show da banda Exaltasamba, na Vila Show, localizada na Serraria. O jovem teria ido até um táxi durante a madrugada quando foi fechado por um Gol branco. Um homem dentro do carro que portava uma arma de fogo abriu fogo contra Klebson que foi atingido no estômago e veio a falecer.

O assassinato de Kleberson não está sendo julgado na manhã desta quinta-feira (20).

Matéria atualizada às 15h50.

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