Pesquisas da Ufal contribuem para reconhecimento do Filé e do Bico Singeleza

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O Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa) sediou, no último mês de março, a reunião do Conselho Estadual de Cultura que aprovou a solicitação dos registros do Filé e do Bico Singeleza como bens culturais de natureza imaterial. Para isso, foram realizadas pesquisas sobre as características específicas do modo de fazer e transmitir conhecimento sobre esses artesanatos. Estes estudos contaram com a contribuição de pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas.

As características do Filé foram documentadas em um dossiê redigido pelo professor e antropólogo Bruno César Cavalcanti, com dados da pesquisa realizada pelo Laboratório da Cidade e do Contemporâneo (LACC) do Instituto de Ciências Sociais da Ufal, com o apoio da pró-reitoria de Extensão. "O dossiê também tem informações e dados do Sebrae, que atuou em parceria com a Ufal num acordo de cooperação técnica", informa o professor Bruno César. O pedido de registro do bordado Filé foi feito por sete cooperativas e associações de bordadeiras e encaminhado à Secretaria de Estado da Cultura no dia 04 de Julho de 2011.

Segundo parecer técnico da diretora do pró-memória, Ariana Salete de Moraes, os estudos são consistentes para que seja aprovado esse reconhecimento. "O estudo apresentado foi elaborado pelo Laboratório da Cidade e do Contemporâneo (LACC), núcleo de pesquisa do Instituto de Ciências Sociais (ICS), coordenado pelo antropólogo e pesquisador Bruno César Cavalcante e reúne a documentação acumulada sobre o processo de produção e comercialização do bordado filé e suas formas de manifestação no território alagoano, em especial na área compreendida entre as duas lagoas Mundaú e Manguaba, núcleo central de produção do referido bem", informa o parecer.

O dossiê sobre o Filé contem informações sobre o bordado como produto cultural, de origem portuguesa, que ganhou características próprias em Alagoas, "em geral ligadas a policromia e a diversidade de pontos". Hoje, o Filé é encontrado nos principais polos turísticos de Maceió e nos municípios lagunares. A solicitação de registro propõe a salvaguarda da produção do bordado, da comercialização e da ressonância sociocultural do bem. a diretoria do Pró-memória reconheceu toda a base histórica e cultural que justificam o registro como bem cultural imaterial. "Essa diretoria reconhece ainda, ser esse saber, uma marca da identidade de Alagoas, explorado como produto turístico e cultural por diversos segmentos do setor de turismo, publicidade, moda e serviços que, em comum, tem o objetivo de atribuir aos seus produtos e práticas uma identidade local", diz o parecer.

Já a solicitação de registro do Modo de Fazer do Bico e da Renda Singeleza em Alagoas foi encaminhado a Secretaria de Estado da Cultura em 25 de Novembro de 2013. O pedido se baseia em extensos estudos realizados pela arquiteta, pesquisadora e professora da Ufal, Josemary Omena Passos Ferrare, coordenadora do projeto (Re)Bordando o Bico e Renda Singeleza. Os estudos realizados em 2009 contaram com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). Nesse projeto, a professora registrou o modo de fazer o Bico e da Renda Singeleza a mulheres, rendeiras e bordadeiras da cidade de Marechal Deodoro.

O processo para o resgatar o Bico Singeleza nasceu da preocupação da arquiteta Josemary Ferrare de que este conhecimento pudesse desaparecer, já que ele estava guardado na memória de Dona Marinta, já falecida, e que na época das entrevistas já contava com oitenta anos. O projeto promoveu oficinas para que outras rendeiras da cidade de Marechal Deodoro pudessem aprender o ponto, mantendo a tradição deste artesanato. Segundo o parecer técnico, favorável ao reconhecimento, as ações foram fundamentais para o resgate deste conhecimento. "Representante, portanto, da rica tradição alagoana na produção de rendas e bordados, a renda e bico Singeleza, apesar do grande risco de desaparecimento, hoje é expressão viva nas cidades de Marechal Deodoro e Água Branca", destaca o parecer.

Destaca-se ainda que, neste processo para manter vivo o modo de fazer do Bico Singeleza, a arquiteta Josemary Ferrare acabou sendo contactada por agentes culturais de uma pequena cidade da Itália, Latronico, onde uma renda conhecida como Puntino ad Ago guarda muitas semelhanças com o Bico Singeleza. "Registrar esse modo de fazer como patrimônio cultural de Alagoas significa valorizar a tradição de Alagoas na produção de bicos, rendas e bordados, o saber das artesãs e toda a tradição que aproxima esse universo de linhas, pontos, criatividade e imaterialidade das tradições da pesca e da confecção de redes", destaca o parecer técnico da diretora do pró-memória, Ariana Salete de Moraes, favorável ao registro.

Fonte: Ascom Ufal

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