A casa da adolescente carioca Rafaela Lobo, de 17 anos, está em festa neste domingo, Dia das Mães. A família da adolescente mantida refém sob a mira de uma tesoura na tarde deste sábado, num ônibus na Avenida Brasil, está reunida para um churrasco de dupla comemoração. A mãe de Rafaela, Denise Lobo, diz que ter a filha de volta sem nenhum arranhão é o melhor presente que poderia receber:
– Hoje estou me sentindo realizada por estar junto com minha filha. A vida dela é o meu maior presente do Dia das Mães. Graças a Deus ela não sofreu nenhum arranhão. Hoje é dia de celebrar essa vitória com a família. O dia de hoje simboliza o renascimento da minha filha.
Denise conta que no sábado ficou muito nervosa durante o sequestro e viveu momentos de muita tensão. Denise descobriu sobre o caso através de uma ligação feita pelo sequestrador para o celular do marido, enquanto estavam dentro de uma farmácia. Imediatamente, ela e o marido seguiram para o local do crime.
Um dia após o caso, ela admite que “muita coisa ruim” passou por sua cabeça. A festa do Dia das Mães da família Lobo será celebrada na casa de Rafaela, em Anchieta, na Zona Norte da cidade. Além de Rafaela, Denise, seu pai e uma irmã mais nova, de 7 anos, muitos outros parentes são aguardados para a celebração.
– No primeiro momento meu sentimento foi de desespero total. Você nunca acha que vai acontecer com você. Lembrei na hora do 274, foi inevitável. Comecei a orar e tudo deu certo – desabafou.
Rafaela foi mantida refém durante mais de duas horas no ônibus em que ela voltava para casa da aula de inglês. A jovem ficou com a tesoura apontada para seu pescoço. Um negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope) negociou a rendição de Paulo Alberto Ferreira da Silva, de 32 anos.
Segundo Rafaela, o sequestrador estava muito nervoso no início, mas passou a maior parte do tempo conversando com ela. A jovem conta que ele fez poucas ameaças e pedia para que ela não tivesse medo.
– Conversei muito com ele conforme foi anoitecendo. Antes dele descer vi que tinha esquecido a carteira no ônibus e entreguei a ele – relatou a jovem.
Segundo Rafaela, o homem entrou no veículo e perguntou a ela onde era o ponto final da linha. Após responder à pergunta, ele seguiu para o fundo do ônibus. Na altura de Guadalupe, o sequestrador teria puxado seu cabelo e anunciado o sequestro.
– Quando o negociador chegou eles fizeram uma oração. Ele pediu perdão a Deus e logo depois pediu perdão a mim também – lembrou.
Morador da Mangueira, ele assaltava passageiros do coletivo quando viu uma equipe do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) se aproximar do veículo. Ele se desesperou. Além de Rafaela, o motorista do ônibus, Júlio César Pereira, também foi mantido refém.