RIO — A Defesa Civil disse em nota à imprensa que foram realizadas vistorias nos edifícios 132, 135, 137 e 138, da Rua Barão da Torre — entre as ruas Teixeira de Melo e Farme de Amoedo, em Ipanema, na Zona Sul ——, que fica ao lado das obras do Metrô e teve duas crateras abertas de madrugada. Segundo os agentes, não foram encontrados indícios de risco estrutural nos imóveis. “Os reparos necessários já estão sendo executados pela concessionária responsável por obras na região e os moradores já foram orientados a retornarem para suas casas”, diz o documento.
A Defesa Civil afirmou, ainda, que o trecho da via já estava interditado para execução de obras e que solicitou à concessionária responsável a desobstrução do acesso para a facilitar a entrada e saída dos moradores. Para solicitar vistorias e receber orientações dos técnicos, a população deve ligar para o telefone 199, que funciona 24 horas por dia.
O gerente de produção do Consórcio da Linha 4, Aloísio Coutinho Júnior, reforçou no início da tarde deste domingo que não há risco de desabamento dos prédios da Rua Barão da Torre. Segundo o representante do consórcio, equipes já conseguiram estancar a movimentação do solo e agora trabalham na limpeza e no monitoramento do local.
De acordo com Aloísio, a causa da movimentação de terra que provocou o afundamento do piso está sendo estudada e eventuais prejuízos dos moradores serão pagos. O engenheiro informou, ainda, que as concessionárias de serviços públicos foram acionadas assim que foi detectada a movimentação do solo. Ele garantiu que a situação está sob controle. No entanto, a empresa ofereceu quartos em hotéis para quem não se sentir seguro.
Quatro agentes da Defesa Civil – que só chegaram ao local oito horas depois da abertura das crateras, por volta de 11h – estão fazendo uma vistoria nos prédios da Rua Barão da Torre desde o início da tarde de domingo. Eles visitaram as unidades afetadas e estão conversando com moradores e com os engenheiros do Consórcio da Linha 4 do Metrô. Os agentes, contudo, informaram que só vão prestar esclarecimentos através da assessoria de imprensa da prefeitura. Os moradores estão apreensivos e até agora não sabem exatamente o que aconteceu e se ainda existem riscos de novos afundamentos. A rua foi isolada, com acesso apenas para os moradores.
Por volta das 10h deste domingo, cerca de 50 funcionários do consórcio linha 4 do Metrô trabalhavam na tentativa de solucionar o problema. Por motivos de segurança, os prédios no trecho próximos às crateras tiveram os serviços de gás e luz cortados.
Moradora de uma casa no número 135, a técnica de som Consuelo Barros, de 53 anos, diz que o problema começou há quatro dias, após um vazamento na rua.
— O estranho é que desde o mês passado todo o asfalto já estava pavimentado. Mas há quatro dias as máquinas voltaram a trabalhar. Merecemos mais respeito. Queremos uma explicação de algum engenheiro. Mas a empresa só nos manda falar com a comunicação.
Após um forte barulho, às 3h da madrugada deste domingo, parte da calçada da rua Barão da Torre afundou, deixando expostas as duas crateras. Com o afundamento da via, o portão do edifício 137 ruiu, e diversos moradores desceram com medo que o prédio também desabe.
De acordo com o Consórcio Linha 4 Sul, o problema foi ocasionado por um assentamento de solo. Entretanto, diversos moradores desceram de seus apartamentos assustados e mostraram rachaduras na portaria dos prédios em que moram surgidas após o afundamento da via. Segundo o síndico do Edifício 137, Hamilton Ferreira, parte da entrada da portaria desabou e parte da área interna do prédio também afundou. Até as 6h30m, engenheiros estavam no local fazendo a medição do imóvel para avaliar os riscos.
— Ontem (sexta-feira), eles já passaram o dia todo contendo um vazamento na rua. Essa obra tinha previsão de terminar no final do ano, e até agora nada. Já liguei para a Defesa Civil há 40 minutos e nada. Sempre soube que ia dar problema nessa obra — desabafou.
Síndico do prédio 141, o engenheiro e advogado Cláudio Teixeira apresentou à equipe do GLOBO rachaduras que teriam aparecido na portaria e no canteiro do edifício após o assentamento. O chão também afundou, e as colunas de uma mureta na entrada da portaria também ficaram desniveladas.
— Desci correndo, tirei minha filha de 4 anos e minha esposa de casa e coloquei elas sentadas dentro do hospital aqui em frente. O prédio está cheio de rachaduras, o chão afundou, e o solo aqui é muito arenoso. Estamos com medo de o edifício desabar sim. Além da falta de informação, não há uma explicação que venha de alguém especializado. Ninguém aqui sabe o que está acontecendo, ou não querem falar a verdade. A comunicação da empresa disse que está tudo certo e que está fazendo reparos, mas os prédios estão rachados; isso não é brincadeira — disse apreensivo.
Moradores do prédio 144, a professora Valéria Lontra e o engenheiro Edher Muniz também foram para a rua com medo de continuar em casa.
— Com certeza, está mais seguro aqui. Como vamos ficar em casa depois que o chão da portaria do nosso prédio também cedeu, resultando nesta cratera enorme em frente à nossa casa? Não quero saber sobre a opinião dos operários, porque eles estão perdidos. Se não tivessem, não teria acontecido este absurdo. Só volto para casa depois que a Defesa Civil chegar — disse Valéria.
Ainda de acordo com o Consórcio Linha 4, ninguém ficou ferido com o incidente e os reparos na rua já estão em andamento.