Lojistas de Abreu e Lima, na Região Metropolitana, cujos estabelecimentos foram saqueados nos últimos dias 14 e 15 passados, durante greve da Polícia Militar, podem começar a receber de volta algumas mercadorias ainda nesta segunda-feira (19). Durante o final de semana, muitos produtos foram devolvidos ou abandonados pelas ruas da cidade, chegando a encher um caminhão-baú e a se espalhar pelos cômodos da delegacia local. A identificação e ouvida dos saqueadores começa a ser feita, hoje, por meio de uma força-tarefa da Polícia Civil.
“Vou me reunir com o delegado Luiz Andrey (gestor da Delegacia Integrada Metropolitana) para definir a logística desse trabalho, logo cedo, pois nós não temos estrutura física nem de pessoal”, informou Alberes Félix. “Um lojista nos cedeu um caminhão e ele já está lacrado. Mas as mercadorias continuam chegando. Quem vem entregar deixa nome, endereço e telefone, diz de onde tirou o produto e marca uma data para prestar depoimento, levando um recibo da entrega”.
De acordo com o delegado, as pessoas que estão devolvendo as mercadorias roubadas não são autuadas em flagrante e podem ser beneficiadas juridicamente pelo que a legislação chama de “arrependimento eficaz”, quando o efeito do crime é anulado. “Vai depender do entendimento do juiz. Ele pode diminuir a pena ou até mesmo optar por não aplicá-la”.
No caso de quem está abandonando as mercadorias na rua, a situação fica mais complicada, pois a pessoa terá de provar o que fez com o produto do roubo. Diversas geladeiras, máquinas de lavar, aparelhos de ar-condicionado foram deixados pelas esquinas e recolhidos pela Polícia Militar. Essas mercadorias deverão ter sua origem identificada pelos lojistas, por meio de códigos e números de série. Ontem também foram feitos três flagrantes, após denúncia de vizinhos.
A polícia continua recolhendo imagens de TVs, jornais, sites e redes sociais para identificar os saqueadores. Quem comprar produto roubado também poderá responder criminalmente. Os crimes variam entre furto (um a quatro anos de reclusão), roubo (quatro a dez anos), receptação (um a quatro anos) e receptação qualificada (três a oito anos).
Para reforçar as investigações sobre os responsáveis pelos saques e vandalismo em Abreu e Lima e Paulista, o governador João Lyra Neto também vai receber, hoje, imagens obtidas pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE). O material será entregue pelo procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, que estará no Palácio do Campo das Princesas, às 15h. A ideia é ajudar a agilizar as investigações. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) informa que vai acompanhar de perto a apuração realizada em todo o Estado, para que não haja impunidade.