Testemunha-chave do caso Bernardo Boldrini, de 11 anos, morto no Rio Grande do Sul em abril, afirma, em entrevista exclusiva ao Domingo Espetacular, ter ouvido da madrasta do garoto planos para matá-lo.
Leandro Boldrini, pai de Bernardo, e Graciele Ugulini, madrasta, são acusados de assassinar o menino. Também são réus Edelvânia Wirganovicz, que admitiu participação na morte, e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia.
Sandra Cavalheiro, a testemunha-chave, não conheceu Bernardo, nem o pai do garoto. Ela, porém, foi amiga de Graciele e conta o que ouviu da madrasta antes do assassinato.
— [Graciele] disse assim: ‘Esse guri, para parar de incomodar, só embaixo da terra’. E eu: ‘Está louca, guria? Como assim?’ Daí ela: ‘Como o pai dele diz, ou é no fundo de um poço, ou embaixo da terra’.
Ela contou que, depois de quatro anos sem contato, Graciele a procurou no fim de janeiro. A conversa girou em torno de um único tema: o ódio que a madrasta e o pai nutriam por Bernardo.
— Ela falava que ‘aquele guri’ era um psicopata, um demônio, que corria com faca atrás do pai, atrás dela. [Disse] que teve que colocar câmera no quarto da menina [a meia-irmã de Bernardo, filha de Graciele], pois ele ia matar a criança, a filhinha dela. E que era isso aí: era um psicopata.
Graciele teria revelado à amiga os planos do casal para matar Bernardo.
— Ela e o Leandro queriam ver essa criança morta. Como ele dizia, no fundo de um poço ou embaixo da terra. Ela disse isso com essas palavras. E eu fiquei apavorada. Falei: ‘Está louca, guria? Não é assim, procura um psicólogo”. Ela disse ‘Os psiquiatras largaram mão dessa criança’. E eu: “E a vó materna?’. Ela: ‘Ah, depois que ela viu que é um psicopata, ela também não quer saber’. Foi isso.
Sandra diz que só não denunciou o casal porque não acreditou nas ameaças. Mas, depois do crime, procurou a polícia voluntariamente.
O Domingo Espetacular também conversou com Cecília Renz, técnica de enfermagem que relata o sumiço de ampolas no local onde o casal trabalhava.
— Se sumir de uma em uma, talvez a gente não perceba, né? Mas, naquele dia, eu vi porque foram várias. Inclusive a gente teve que pegar outras para poder fazer os exames daquele dia.
A suspeita é que Bernardo tenha sido assassinado com uma injeção letal.