O governo militar da Tailândia prendeu nesta sexta-feira (23) a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra e membros de sua família depois de convocá-la e a outros ministros para conversações, um dia depois de o Exército ter dado um golpe de Estado e destituído o governo interino.
Yingluck foi detida junto com membros de sua família – sua irmã e cunhado, segundo noticiou a agência de notícias Reuters. Mais de 100 pessoas também foram intimadas pelo militares, entre elas membros do partido político da ex-premiê e líderes dos manifestantes, informou o grupo de comunicação estatal "MCOT".
Segundo a Reuters, que citou um chefe do exército, os militares disseram que a prenderiam por no máxuimo uma semana, em um local não divulgado.
Entre os que já compareceram à reunião do Exército está o sucessor de Yingluck, Niwatthamrong Bonsongpaisan, que se encontrava em paradeiro desconhecido desde o golpe.
Também chegou ao edifício militar o ex-primeiro-ministro em 2008 pelo mesmo partido político de Yingluck, Somchai Wongsabat, informou pelo Twitter um repórter do ‘Canal 3’, cujas transmissões, assim como as das outras emissoras de rádio e televisão, estão suspensas.
Somchai chegou acompanhado de sua mulher, Yaowapa, irmã de Yingluck e do líder do clã, o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto no último golpe, em 2006, que originou a atual crise política e que vive no exílio em Dubai, nos Emirados Árabes.
As intimações foram feitas pouco antes de o chefe do Exército, o general Prayuth Chan-ocha, se autoproclamar primeiro-ministro interino.
Proibições
Além da convocação das mais de 100 personalidades, o Exército anunciou nesta sexta que proibiu 155 pessoas, incluindo Yingluck Shinawatra, de deixar o território. "Para manter a paz e a ordem", declarou um porta-voz militar na televisão.
Portanto, Yingluck não poderá se reunir com seu irmão Thaksin Shinawatra, exilado após o golpe em 2006 e condenado posteriormente por desvio de fundos.
Censura
A nova junta que governa a Tailândia advertiu nesta sexta que vai bloquear os conteúdos críticos ao golpe militar, que incitem à violência nas redes sociais e que vai perseguir os autores dos comentários, segundo um dos boletins transmitidos pela televisão.
A Junta pediu "a cooperação dos operadores das redes sociais e de todos os envolvidos com o objetivo de impedir as mensagens que incitem à violência, critiquem o Conselho e violem as leis".
"Suspenderemos o serviço imediatamente se encontramos a violação destas normas e perseguiremos os responsáveis", acrescentou a mensagem.
A censura nas redes sociais se soma ao bloqueio da transmissão de emissoras locais e internacionais, como a "BBC" e a "CNN", e das estações de rádio.
Segundo os militares, essas medidas foram tomadas para garantir que a população seja informada com as "notícias corretas".
O diretor de programação da televisão local "PBS" foi detido após transmitir um boletim de notícias através do YouTube.