O fim do mau cheiro e o sumiço dos mosquitos estão entres os principais resultados da metodologia de barragem móvel adotada desde o início do ano pela Superintendência de Limpeza de Maceió (Slum) nos serviços de manutenção de canais e riachos da capital. A eficácia foi comprovada mais uma vez pela aprovação dos moradores das regiões que já foram atendidas pelo sistema.
“O mosquito e o mau cheiro diminuíram bastante. O lixo que passava pelo riacho diminui também. Antes fedia e havia muitos insetos por aqui”, aponta Maria José Albuquerque, dona de casa que mora no bairro do Poço há mais de 20 anos. O Riacho Gulandi corre em frente ao acesso à pequena vila que abriga sua residência.
O leito, antes tomado por lixo e fedentina, segue o fluxo natural com águas rasas e mansas após a realização do novo procedimento utilizado pela Slum. “Ficamos muito contente depois dessa limpeza”, reitera.
O único problema que continua é o descarte inadequado por parte da população, que teima em confundir o córrego com um depósito de lixo e entulho. Como mora próxima do riacho, ela flagra constantemente o despejo de material. “A coleta de lixo passa de segunda a sábado, todas as noites. Ou seja, não há necessidade de as pessoas jogarem lixo”, alerta a cidadã, que anotou o número do serviço Disque-Limpeza (3315-2600) para denunciar futuras irregularidades.
Da janela da sala, Valderice dos Santos já viu o Riacho Gulandi levar de sofá a vaso sanitário. “Um vizinho derrubou a casa e jogou quase a metade dela no riacho. Eu acho incompreensível, num bairro como o nosso, as pessoas jogarem coisas no riacho”, desabafa a moradora da Rua Escrivão José de Souza, situada no Poço.
Ao ser informada que o objetivo da Prefeitura é realizar a manutenção no córrego três vezes ao ano, a dona de casa comemora: “Se fizer isso é perfeito. Eu já achava que duas vezes já seria bom, imagine três”.
Eficiência e economia
Além de mais eficiente, estima-se que a nova metodologia reduza em até 75% os custos em relação à sistemática anterior. A metodologia consiste num sistema de barramento hidráulico que impede o fluxo de água do riacho em determinado trecho. Nele, são colocadas duas treliças metálicas perpendicularmente ao leito do canal. Entre as treliças é presa uma lona de vinil devidamente suspensa. Mais adiante, é colocada uma tela de contenção especialmente preparada.
A água começa a encher a lona que, por sua vez, veda a passagem de água na medida em que vai enchendo. Com isso, a parte inferior do canal começa a esvaziar. Com o trecho do canal vazio, uma equipe de capinação manual remove resíduos de maior porte e a matéria orgânica.
A partir do momento em que a parte superior está cheia, um gatilho desprende a lona fazendo com que haja uma enxurrada. A água que estava represada forma uma onda com força para arrastar a lama e todo o material que estava depositado no leito do canal. Os resíduos ficam retidos na tela de contenção e depois são removidos.
A remoção é feita manualmente pela mesma equipe que também entra no canal para retirar material mais pesado e remover a lama mais resistente presa ao fundo do canal, como acontece nesta semana, em trecho do Canal do Joaquim Leão, no bairro do Vergel do Lago, e no Riacho do Sapo, em frente ao Shopping Maceió, onde se encontram instalados atualmente os dois equipamentos utilizados pela Slum.
Síndica do condomínio Climério Sarmento, na Jatiúca, a professora Maria Ivaneide aprovou os primeiros dias de operação da barragem móvel montada em frente ao edifício. “O mau cheiro acabou e o mosquito diminuiu – só continua por conta da chuva e por falta de educação do condomínio que fica do outro lado, que fica jogando água aqui e ninguém sabe qual é a procedência. Com a limpeza melhorou 70%”, estima.
A educadora faz o papel de fiscal e orienta até a diarista que trabalha em seu prédio. “Quem faz reforma, vem com o lixo e joga aqui no riacho. A gente não deixa. Eu digo a diarista do prédio que ela não pode deixar nem uma folha do outro lado da margem. Por que se está limpo ninguém joga lixo”, atenta.