Mineira vira atleta após acidente que a deixou com 1% de chance de vida

Arquivo pessoal/Kênia Carneiro de OliveiraKênia, hoje com 36 anos, corre e se prepara para correr Meia Maratona Internacional no Rio de Janei

Kênia, hoje com 36 anos, corre e se prepara para correr Meia Maratona Internacional no Rio de Janei

Quem vê a mineira Kênia Carneiro de Oliveira hoje, se preparando para correr a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, não imagina que, aos 17 anos, ela sofreu um acidente que a deixou com apenas 1% de chance de sobreviver. “Perdi 4 litros de sangue e perfurei os dois pulmões. Quando meus pais chegaram ao hospital, eu estava terminando de fazer uma cirurgia na face e o risco era enorme. Então o médico saiu e disse a eles: ‘se vocês acreditam em Deus, rezem muito, porque eu, como médico, não dou sobrevida a sua filha’”, lembra.

O acidente aconteceu em dezembro de 1995 – Kênia estava voltando com o namorado de uma formatura, em Bambuí (MG), quando o carro em que estavam foi atingido por dois micro-ônibus.

A administradora, que estava sem cinto de segurança, foi arremessada pela janela, caiu de um barranco e foi atingida mais uma vez por um dos veículos. “Um dos micro-ônibus rodou e caiu em cima de mim. Meu namorado bateu a cabeça no volante e teve traumatismo craniano”, lembra a mineira, hoje com 36 anos.

Depois do acidente, o casal ficou em coma induzido durante uma semana, mas ao contrário de Kênia, o rapaz não sobreviveu. “Estávamos juntos há 3 anos e ficaríamos noivos no mês seguinte. Então eu tive que me recuperar não só do acidente, mas também da perda dele”, diz. Após 30 dias, a mineira contrariou todas as expectativas dos médicos e finalmente recebeu alta – porém, ela precisou pegar a cama de hospital emprestada para levar para casa. “Perdi toda a movimentação do meu corpo e fiquei 8 meses sem me mexer. Depois que tirei os gessos e o ferro da bacia, comecei a arriscar alguns movimentos”, conta.

Todo mês, Kênia precisava visitar o ortopedista, mas como ainda não conseguia se movimentar, o trajeto era feito em uma ambulância. “O médico disse que começaríamos na fisioterapia, mas eu voltei para casa dizendo que não faria, que daria conta sozinha”, lembra.

Então, ela pediu para a mãe arrumar um andador e começou a arriscar alguns movimentos. Depois de um mês, ao voltar no consultório, o ortopedista não acreditou quando viu Kênia em pé na frente dele. “Já conseguia trocar um passinho, igual criança. Eu era muito nova e estava tudo evoluindo bem, então nem fiz fisioterapia”, conta.

Logo, a mineira começou a se arriscar na caminhada e, no mês seguinte, já estava andando de um quarteirão a outro com a mãe, sempre aumentando os passos. “Melhorei e depois entrei na faculdade, onde me formei em administração”, lembra. De lá para cá, Kênia morou em Belo Horizonte, em Nova York, no Canadá e no Rio de Janeiro, onde está atualmente – na cidade maravilhosa, ela descobriu uma nova paixão: a corrida.

“Sempre gostei de esporte, mas nunca me liguei em corrida. Quando cheguei ao Rio, passei a ver a galera correndo e me interessei”, conta. Com receio de começar a correr, ela resolveu voltar ao ortopedista em Minas Gerais para avaliar a situação. “Ele disse que eu podia até dar pirueta, desde que não sentisse dor. Se eu sentisse, precisaria parar”, lembra. Animada com a liberação do médico, a administradora deu a largada e não parou mais – ela começou com pequenos trotes e hoje corre 10 km a cada dois dias.

"Eu corro há 8 anos e é minha paixão. A corrida testa meu limite e é minha terapia diária, tanto fisicamente como emocionalmente”, avalia.
Apaixonada por desafios, Kênia diz que a próxima meta é correr a Meia Maratona Internacional, no dia 31 de agosto, no Rio de Janeiro. “São 21 km, trajeto que nunca corri. Mas meu lema é o desafio. Por mais que custe conseguir uma coisa, mesmo que não dê certo, eu me arrisco”, afirma.

Quase 20 anos após o acidente, a mineira se sente feliz e realizada com a nova vida que leva, sem nenhuma sequela. “Eu tenho dois aniversários: 13 de janeiro, quando nasci, e 16 de dezembro, quando sofri o acidente. Mas Deus é muito grande na minha vida, me deu um grande presente”, acredita. Para representar e marcar sua história, ela fez uma tatuagem de uma fênix. “É um símbolo da minha força e do meu renascimento”, conclui.

Fonte: G1

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