Quinta-feira, 12 de junho de 2014, abertura da Copa do Mundo no Brasil. Temperatura local? Dez graus negativos. Achou estranho? Mas essa é a realidade de 15 militares brasileiros que estão na Antártica e vão acompanhar o Mundial direto do continente gelado.
Desde novembro abrigados na Estação Científica Comandante Ferraz, eles integram a 32ª Operação Antártica, ação realizada pela Marinha para dar suporte à pesquisa científica na região inóspita.
Já sabendo que passariam o ano de 2014 inteiro fora do Brasil – a previsão de retorno ao país é para dezembro – os militares se prepararam para acompanhar a Copa longe de casa.
Com a ajuda da tecnologia, eles vão assistir aos jogos pela televisão, internet e até com a ajuda de um telefone celular. Mas além de torcer pela Seleção Brasileira, terão que torcer para que o sinal de satélite não sofra interferência.
“Há muita instabilidade devido a interferência solar, que está frequente nesta época do ano e faz a comunicação cair”, explica ao G1 o comandante Frederico Carlos Muthz, chefe da estação, por telefone, direto da Antártica.
Mineiro de 43 anos, Muthz conta que o grupo tem se preparado para este inverno “fora do normal” e levou do Brasil para a estação camisetas personalizadas, bandeiras e acessórios que prometem fazer barulho durante as partidas.
Seleção Antártica
Nem as constantes nevascas, que obrigam os militares a realizarem um trabalho pesado para remover a neve que cerca a estação científica, tira a empolgação do grupo, que tem apenas quatro horas de luz solar por dia.
Um dos mais empolgados para o Mundial é o mergulhador Alcides Barreto Vieira, 35 anos, que está em sua primeira missão na Antártica.
Natural de Urucará, município do interior do Amazonas com menos de 20 mil habitantes, ele afirma que desde criança acompanhou a população de sua cidade a pintar as ruas de verde e amarelo e ainda se reunir nas praças para assistir aos jogos.
Ele disse ao G1 que para esta quinta, quando o Brasil vai enfrentar a Croácia pela primeira partida da Copa 2014, os militares montaram um boneco de neve e o vestiram com a camisa da Seleção. Além disso, correram com seus afazeres para conseguir acompanhar a disputa tranquilos.
“Nesse momento estava cortando o alho para que o almoço saia antes da abertura. A nossa expectativa é muito grande. Fizemos camisas personalizadas especificamente para a Copa, como o nosso símbolo (um albatroz) no peito”, explica.
Palpites
Os militares ainda não oficializaram um bolão entre eles, mas devem fazer isto. Mas eles arriscaram alguns palpites sobre a partida inaugural e o provável ganhador. Sobre o jogo desta quinta, o comandante Muthz apostou que o Brasil ganharia fácil da Croácia. Sobre o resultado final da Copa, ele disse que torce para o time ser campeão em cima da Argentina.
Já o mergulhador Barreto foi mais enfático: "expectativa de 3 a 0 para o Brasil e estou motivado que ele vá para a final". Ele acredita que a Itália fará a grande final com a Seleção, mas ressalta que Holanda e Espanha também têm chances de disputar o título de campeão.