Um fantasma caminhava pelas arquibancadas do Castelão antes de Uruguai e Costa Rica estrearem na Copa do Mundo neste sábado. Era o “Fantasma de 50”. A seleção celeste, que há 64 anos comemorou em solo brasileiro seu segundo e último título mundial, desejava adicionar um novo capítulo a esse livro já desgastado. Mas parece que terá de se contentar com ele.
A Costa Rica, tratada como a mais fraca seleção do grupo do D, único com três campeões mundiais, venceu por 3 a 1 de virada e agora espera definir seu futuro contra outras gigantes: Itália e Inglaterra, rivais na chave D. O fantasma uruguaio parece não assustar ninguém.
“Voltaremos, voltaremos outra vez. Voltaremos a ser campeões, como na primeira vez”… esse foi o grito mais entoado pelos milhares de uruguaios que se deslocaram para Fortaleza. A capital do Ceará foi tomada por milhares que em faixas diziam representar os 3 milhões de habitantes da “pequena República Oriental”.
Para voltar a ser campeão do mundo, o Uruguai necessitava vencer o mais fraco rival do grupo da morte. E por isso não se furtou no primeiro tempo. Dividiu a porcentagem da posse de bola com os costarriquenhos, mas obrigou o goleiro Keylor Navas a trabalhar quatro vezes. Muslera, não fosse por sua própria imperícia em algumas bolas levantadas na área, não teria tido de sujar o uniforme.
Antes de Cavani abrir o placar, de pênalti, aos 23 minutos, Godín havia marcado aos 15, mas impedido, teve o gol bem anulado. O lance do gol uruguaio nasceu numa falta sofrida por Lugano. Junior Diaz o agarrou pela cintura e gabaritado pelo que havia visto em outros jogos deste Mundial, o alemão Felix Brych não titubeou.
A festa celeste parecia assegurada. A Costa Rica ameaçava muito pouco e por centímetros não foi para o intervalo perdendo por mais. Aos 43, Forlán acertou um chute fraco, mas que desviou no defensor e encobriria Navas. Não fosse o costarriquenho um dos melhores goleiros do Campeonato Espanhol, onde joga pelo Levante, talvez ele não conseguisse evitar o gol como fez.
A defesa de Navas foi a fagulha para motivar os costarriquenhos a voltarem para o segundo tempo mais acesos. O time do Uruguai é envelhecido. Seu capitão, Lugano, de 34 anos, não tem mais a mesma força física para suportar a intensidade de um jogo de Copa do Mundo por 90 minutos. E Diego Forlán, de 35, melhor de 2010, também não é sombra de quem foi artilheiro da Copa há quatro anos.
Assim, antes dos 15 minutos do segundo tempo a Costa Rica já havia conseguido virar o placar. Primeiro com Campbell, aos nove, se aproveitando de cruzamento pela esquerda que nenhum uruguaio foi capaz de cortar. Depois, aos 12, Duarte apareceu livre para cabecear no canto direito de Muslera, que já havia evitado outro gol.
O melhor jogador uruguaio da atualidade, Luís Suárez, permaneceu no banco. Poupado por conta da cirurgia a que foi submetido no joelho esquerdo em 22 de maio. Sem o atacante, virar a partida se tornou impensável. Sentado entre os reservas, com as mãos nos rosto, cara de choro, Suárez só lamentou.
A Costa Rica se aproveitou da fragilidade uruguaia para manter-se tranquila. Buscou o gol derradeiro já no fim da partida. Bryan Ruiz fora substituído por Marcos Ureña aos 37. E aos 39, numa arrancada, o atacante que atua no Kuban Krasnodar, da Rússia, sacramentou o fim uruguaio no seu primeiro encontro com terras brasileiras numa Copa do Mundo desde o Maracanazzo. Maxi Pereira ainda foi expulso, nos acréscimos, por um pontapé dado em Campbell. O Uruguai definitivamente precisa se recordar do passado para sorrir.
FICHA TÉCNICA – URUGUAI 1 x 3 COSTA RICA
Local: Castelão, em Fortaleza
Data: 14 de junho de 2014
Público: 58.679 presentes
Gol: Cavani, aos 23 minutos do 1º tempo. Campbell, aos nove, Duarte aos 12 e Ureña, aos 39 do 2º tempo.
Cartões amarelos: Lugano, Gargano, Cáceres
Cartão vermelho: Maxi Pereira
Uruguai: Muslera; Maxi Pereira; Lugano, Godín e Cáceres; Arévalo Rios, Gargano (Álvaro González), Cristian Rodríguez (Abel Hernández) e Stuani; Forlán (Lodeiro) e Cavani Técnico: Oscar Tabárez
Casta Rica: Navas; Duarte, González e Umana; Gamboa, Borges, Tejeda (Cubero) e Díaz; Ruiz (Ureña), Bolaños (Barrantes) e Campbell. Técnico: Jorge Luís Pinto.