O custo do crédito no país está fazendo com que as famílias brasileiras tenham mais cautela na hora de buscar um socorro financeiro. Como consequência, o número de famílias endividadas caiu 0,2 ponto percentual em junho na comparação com maio deste ano. A constatação é da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje (24), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo os dados da pesquisa, 62,5% dos entrevistados declararam ter dívidas em junho, seja no cheque pré-datado, cartão de crédito ou cheque especial, entre outros. Na comparação com junho do ano passado, a queda foi maior, de 0,5 ponto percentual, quando 63% das famílias admitiram estar endividadas.
A pesquisa constatou também que, acompanhando a tendência de redução do endividamento, caiu também o percentual de famílias com dívidas em atraso, que de maio para junho encolheu de 20,9% para 19,8%.
A economista da CNC Marianne Hanson justificou a queda no nível de endividamento das famílias. "A alta do custo do crédito induz a uma postura mais cautelosa das famílias ao contratar e renovar empréstimos e financiamentos. Juros mais altos e ganhos de renda mais modestos levam a condições menos favoráveis para o endividamento”, disse.
A queda, segundo a CNC, se deu praticamente de forma generalizada e em todas as bases de comparação. Em relação a junho de 2013 (20,3%), o percentual de famílias inadimplentes caiu 0,6 ponto percentual. Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, apresentou queda em ambas as bases de comparação. Na comparação mensal chegou a 6,6% em junho, registrando queda de 0,2 ponto percentual em relação aos 6,8% de maio; e 0,6 ponto percentual em relação a junho do ano passado (de 7,2% para 6,6%).
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal com cerca de 18 mil consumidores.
A redução do número de famílias endividadas, na comparação com o mês imediatamente anterior, no entanto, foi observada apenas no grupo de famílias com renda até dez salários mínimos. Na comparação anual, também houve queda apenas para a faixa de menor renda. Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual de famílias com dívidas foi 63,9% em junho de 2014, ante 64,1% em maio de 2014 e 64,7% em junho de 2013.
Já para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual passou de 55,4% em maio de 2014 para 55,8% em junho de 2014 (alta de 0,04 ponto percentual). Em junho de 2013 o percentual de famílias com dívidas nesse grupo de renda era 55,1%.