Trabalhar diariamente em ambientes de risco, lidar com situações extremas de perigo e com o sofrimento humano, passar horas numa viatura apertada ou dormir numa delegacia insalubre. São questões como essas que os pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas querem levantar detalhadamente com policiais militares, bombeiros militares, perícia oficial e policiais civis.
A pesquisa de Saúde, Segurança no Trabalho e Qualidade de Vida dos operadores de Segurança Pública de Alagoas tem várias etapas e uma abordagem multidisciplinar, que via desde o ambiente de trabalho até a relação com o sofrimento e os reflexos para a vida do profissional. "É uma oportunidade de ouvirmos o que esses profissionais tem a dizer sobre a rotina deles, em detalhes, num levantamento detalhado", disse Ricardo da Silva, mestre em Educação e integrante da equipe de pesquisa.
A equipe completa de pesquisadores é composta por profissionais de diversas áreas, como jornalistas, psicólogos, especialistas em Direito, médicos do trabalho, fisioterapeutas, filósofos, etc. "Queremos fazer um levantamento o mais completo possível, com um olhar sobre os vários aspectos da vida e do trabalho desses operadores de Segurança Pública", afirma Lídia Ramires, jornalista integrante da equipe.
Sigilo total
Como os profissionais da área de Segurança Pública lidam com uma disciplina hierárquica bastante rígida, uma das garantias principais para que a pesquisa seja realizada com total clareza é a garantia de que a identidade do policial ou perito será mantida em sigilo. "Ao acessar o site do questionário, será solicitado o CPF de quem vai responder, apenas para confirmação de que se trata de um agente de segurança pública, a partir disso, é gerado um número que vai ser utilizado por ele para ter acesso as perguntas, sem identificação de quem está respondendo", explicou Ricardo Silva.
A pesquisa integra um projeto de extensão da Universidade, visando subsidiar políticas públicas. Como a intenção é avaliar vários aspectos, o questionário é extenso. "Mas isso não deve intimidar aos policiais e peritos. Não é preciso responder tudo de uma vez. O questionário pode ser preenchido por etapas, em vários dias, de acordo com o tempo livre do profissional. Porém, acreditamos que eles vão se identificar tanto com as questões que estão sendo levantadas, que, ao começarem, vão sentir vontade de ir até o fim", garante Lídia Ramires.
A meta é que a grande maioria dos mais de 10 mil profissionais da área respondam o questionário. Por enquanto, apenas 400 fizeram isso. "Convocamos todos os operadores de Segurança Pública para aproveitarem essa oportunidade de expor o que acontece no dia a dia deles, de forma que esse diagnóstico seja o mais aprofundado e preciso possível", solicita Ricardo Silva.
Visitas em Campo
Além do questionário, para alcançar amplamente o público da pesquisa, os pesquisadores estão realizando uma avaliação qualitativa por amostragem e também vão visitar quartéis e delegacias. "Separamos dez grupos, entre oficiais e praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, agentes e delegados da Polícia Civil e representantes da perícia. Com estes grupos, vamos realizar exames médicos, avaliações físicas e entrevistas para saber como está a qualidade de vida e trabalho dessas pessoas", explicam Lídia Ramires e Ricardo Silva.
Desdobramentos
Segundo os pesquisadores, o diagnóstico deve fornecer dados para conhecer melhor a situação dos profissionais de Segurança Pública e vai fundamentar ações e projetos para equipar e dar melhores condições de trabalho e de qualidade de vida à esses profissionais. "Acreditamos que os dados dessa pesquisa serão usados em projetos maiores e por isso queremos que esses profissionais participem e nos ajudem a traçar esse panorama", convocam os pesquisadores.
Operadores de Segurança Pública, respondam ao questionário no link .