Um ano depois, a virada de Fernandinho

Era o início do segundo tempo, e a Seleção Brasileira buscava tomar as rédeas definitivamente de uma partida nada fácil contra Camarões. Luiz Felipe Scolari deu a Fernandinho sua primeira chance de atuar na Copa do Mundo da FIFA, e o resultado foi imediato. Ou quase isso. Com quatro minutos em campo, o meio-campista viu uma bola sobrando e dominou com o peito. Antes de deixá-la tocar o chão, ajeitou com a perna direita e, logo em seguida, quase de costas, achou David Luiz livre na esquerda. O zagueiro cruzou, Fred marcou, e o Brasil abriu 3 a 1, agarrando para não soltar mais uma vaga nas oitavas de final.

Fernandinho também foi o autor do quarto gol e sua estreia em Copa do Mundo pode ser justamente classificada como memorável. Tão memorável como os eventos de junho de 2013, um ano antes. Naquele mês, a Seleção Brasileira conquistou a Copa das Confederações da FIFA. O meio-campista não fazia parte do elenco e teve de ver de casa enquanto colegas festejavam no Maracanã a vitória sobre a Espanha. Aquele mesmo mês, contudo, é celebrado por Fernandinho até hoje, e por outro motivo: foi ali que o meio-campista deixou o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e se transferiu para o Manchester City, da Inglaterra.

As atuações que ajudaram seu clube a conquistar o título da Premier League chamaram a atenção de Felipão, que lhe deu uma chance na Seleção. Só uma mesmo, até porque Fernandinho não precisou de mais. Convocado a três meses da Copa do Mundo para um amistoso diante da África do Sul, o atleta de 29 anos entrou como titular e fez um gol na vitória por 5 a 0, em Johanesburgo. Na próxima vez que vestiria a camisa da Seleção, Fernandinho já faria parte no grupo dos 23 que disputariam o Mundial.

“Sempre tive esse sonho de jogar a Copa do Mundo e vestir a camisa da Seleção. Mas na situação em que eu estava, jogando na Ucrânia e no Shakhtar Donetsk, eu sabia que era muito difícil”, disse, em conversa com o FIFA.com. “A partir do ano passado, quando eu me transferi para a Inglaterra e comecei a disputar uma liga muito maior, que tinha muito mais visibilidade, meu objetivo foi aflorando, eu fui batalhando, fui buscando e, em março deste ano, tive a convocação para o jogo com a África do Sul. Tudo que eu comecei a fazer a partir de junho de 2013 foi no objetivo de chegar aqui na Copa do Mundo.”

O gol que coroa a estreia
Balançar as redes em Copa do Mundo, não importa se como centroavante ou zagueiro, é especial. A emoção de Fernandinho não foi diferente. Afinal, saiu dos seus pés o gol mais bonito da partida. “Entrar e fazer gol com a camiseta da Seleção, em uma Copa do Mundo, jogando em casa… Passa tanta coisa na cabeça…”, diz, buscando as palavras. “Um dos principais é a emoção que a família e os meus amigos sentiram no momento. Talvez seja ainda maior do que a minha. Eu vou tomar um banho, voltar para o hotel e continuar concentrado. A família está em casa, vai receber carinho de outras pessoas, então talvez eles vão sentir uma emoção maior do que a minha. Fico muito feliz de poder proporcionar isso para eles.”

O lance foi uma bela amostra do estilo de jogo que a Seleção Brasileira vem aplicando nos gramados da Copa: marcação forte no campo de ataque e ajuda dos meio-campistas que teriam, em tese, obrigação de defender antes de ajudar na frente. Após um roubo de bola de Oscar, Fernandinho avançou e passou para Fred, que devolveu a Oscar. A série de toques de primeira acabou com o próprio Fernandinho mandando de bico no canto esquerdo. “Aqui no Brasil, nós temos o costume de chamar um jogador de primeiro volante, que é aquele que só marca. Mas, como a maioria de nós está acostumada a jogar na Europa, a gente já está habituado. Os volantes também armam as jogadas e chegam na frente para finalizar. Talvez por isso a gente tenha jogadores que jogam nessa função e chegam na frente, acabam fazendo gol e armando algumas jogadas também.”

Fonte: Fifa.com

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