Surfistas de sofá viajam o mundo se hospedando com ‘desconhecidos’

Sandro Lima / CortesiaAlagoanos marcam acampamentos e viajam para outros países

Alagoanos marcam acampamentos e viajam para outros países

Os surfistas são conhecidos pela capacidade de se aventurar e se arriscar. Eles entram no mar em busca das ondas e da sintonia com a natureza. Similar ao movimento destas, as conexões da internet e as possibilidades do mundo virtual abrem cada vez mais portas para novos relacionamentos, em distâncias antes não alcançadas pelo homem.
Os usuários da internet são como os surfistas em busca de informações, e nada é mais natural nesse sentido do que sentir a necessidade de estabelecer novas amizades. Com o Couch Surfing – ou “surfistas do sofá” em inglês – a rede social ganha novos adeptos em Maceió. De acordo com esses usuários, o intuito da ferramenta é estimular internautas a abrirem as portas da casa para receber hóspedes dos mais diversos cantos do mundo. A ideia, na visão de quem se permite a experiência, se traduz em uma troca de conhecimento com novas pessoas, origens e culturas diferentes, tudo com baixo custo e alto benefício social.

Em Maceió, um grupo formado por cerca de 20 pessoas interage sobre a comunidade virtual e estabelece novos roteiros de viagens. Entre as leis está o recebimento de novas pessoas de todo mundo dispostas a dormirem no sofá dos anfitriões. Segundo estatísticas do site, são cerca de sete milhões de membros cadastrados em 100 mil cidades ao longo do mundo.

“O princípio do Couch Surfing é você trocar uma hospedagem por experiência e que pode se tornar em amizade. Você oferece a sua casa gratuitamente, mas a pessoa não é completamente uma estranha já que a rede procura pessoas dentro do seu perfil”, diz Yanne Acioli, de 23 anos, usuária da rede social há cerca de três meses.

A interação parece quebrar a ideia de que para conhecer novas pessoas você deve contratar uma agência de viagens e ficar hospedado em pousadas ou hotéis. “Se você viaja para ficar em algum hotel ou pousada você conhece somente as ‘coisas’ que os turistas sempre conhecem, os roteiros programados. Já no Couch Surfing é diferente, você conhece tudo pelo ponto de vista de quem mora na cidade e que está disposto a isso”, avalia o bombeiro Mário Gomes, de 30 anos, usuário há três anos.

E quem se arrisca nessa modalidade não se arrepende das descobertas que faz. Esse é o caso do americano Chris Owens, de 30 anos, que trabalha como professor de inglês para hispânicos nos Estados Unidos. Chris chegou há poucos dias em Maceió e está hospedado na casa de uma alagoana, que até então só tinha conhecimento pela internet. “Faz muito tempo que eu queria vir ao Brasil, desde que estive na Alemanha durante a Copa do Mundo de 2010. Já estive no Chile, Peru e Bolívia e recebi pessoas também em minha casa nos Estados Unidos”, diz.

De acordo com Chris, que estuda também a língua portuguesa, conhecer pessoas dessa maneira proporciona um aprendizado cultural diferenciado. Para ele, o custo-benefício é incomparável com a opção de contratar uma agência de viagens. “Financeiramente tem muita diferença do que conhecer pessoas que estão nos hotéis por exemplo. A cultura também, pois as pessoas apresentam os lugares que conhecem”, resume.

De todas as viagens que fez, apenas uma ele descreve como contratempo. “Em geral todas as pessoas são muito legais, mas eu tive uma experiência com uma mulher que me hospedou e que queria algo mais do que somente hospedar [risos]. Foi um pouco incômodo, mas deu pra levar na boa. Ela queria compartilhar a mesma cama”, conta em tom de brincadeira.

Insegurança

A capital das mais belas praias do Brasil guarda outra natureza não muito convidativa para os turistas. Maceió é uma das cidades mais violentas do mundo. Mesmo com esse aspecto negativo, a rede se supera e revela que não existe desvantagem nesse sentido. “Hoje em dia quem me conhece e não faz parte dela acha que sou louco por receber pessoas em casa”, diz Mário.

O militar relata que possui três anos de experiência com a rede, mas a pouco tempo tomou coragem de viajar para ser hospedado por um amigo virtual. “Tem três anos que tenho a minha conta e só faltava mesmo a coragem de ter uma experiência real. Esse ano eu tive vontade de viajar, então comecei a conversar com pessoas e hospedar algumas para só depois me sentir confiante e ser hospedado”, diz o jovem que está com passagem marcada para o Rio de Janeiro.

Para Mário, o sistema de filtragem da rede social garante que a comunicação no espaço virtual drible possíveis aproveitadores. “No seu perfil você já determina que tipo de pessoa está disposta a hospedar. Se ela bebe ou fuma por exemplo. Quem fica hospedado também posta uma referência do anfitrião e descreve a experiência. Há pessoas com 10, 20 ou 200 referências positivas, então fica difícil ter algum problema nesse sentido”, afirma.

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