Uma estudante de Três Pontas (MG), que mora e trabalha em Belo Horizonte (MG), está entre os feridos do acidente que deixou dois mortos e 22 feridos após a queda de um viaduto sobre um ônibus na capital mineira. A estudante Penélope Pelegrini sofreu um ferimento na cabeça. Em entrevista à TV Globo Minas, a estudante falou do alívio de ter se salvado.
"Eu entrei e não sentei na frente, sentei no penúltimo banco. Eu nasci de novo", disse Penélope.
A estudante do Sul de Minas aparece em um vídeo gravado logo após o acidente (Veja o vídeo acima). As imagens mostram que a jovem sai do ônibus bastante ferida. Em contato com o G1, o irmão de Penélope, Ulisses Pelegrini, disse que a irmã dele está em casa e passa bem.
"Minha irmã já foi para casa e está bem, graças a Deus. Minha mãe deve ir para lá ficar com ela", contou Ulisses.
O trabalho de resgate das vítimas avançou pela noite de quinta-feira (3). Dos 22 feridos, 11 foram leados para o Hospital Risoleta Neves, em Belo Horizonte.
Segundo corpo encontrado
As equipes de resgate encontraram durante a madrugada desta sexta-feira (4) o corpo da segunda vítima do desabamento de um viaduto na Avenida Pedro I, próximo à Lagoa do Nado, região da Pampulha, em Belo Horizontex, ocorrido nesta quinta (3). Uma pessoa estava nas ferragens de um carro esmagado pela estrutura. Mais dois caminhões e um micro-ônibus foram atingidos.
A primeira vítima foi a motorista do ônibus, Hanna Cristina Santos, de 25 anos. A segunda vítima é Charlys Frederico M. do Nascimento, também de 25 anos, segundo os bombeiros. Outras 22 pessoas ficaram feridas. Os caminhões não tinham ocupantes.
As causas do acidente ainda são desconhecidas.
O tenente-coronel Edgard Estevo, que comanda os bombeiros no local, considera que o trabalho da corporação terminou com a retirada do 2º corpo. De acordo com a capitão Jordana, os bombeiros não têm informações que indiquem a existência de mais vítimas sob o viaduto que ruiu.
O tenente-coronel informou que agora será feito o trabalho de perícia por parte da Polícia Civil, técnicos da Coordenadora Municipal de Defesa Civil (Comdec) e militares do Corpo de Bombeiros. Após a liberação, o viaduto deve ser demolido, com retirada do concreto em blocos. Os caminhões esmagados pela estrutura serão removidos após a demolição.
O trabalho de resgate se concentrou no uso de macacos hidráulicos para escoramento do viaduto e também maquinário para escavação do solo na parte traseira do veículo.
Desabamento
O viaduto, que saía da Rua Olímpio Mourão e passava sobre a Avenida Pedro I, estava em construção e, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, seria inaugurado neste mês. O acidente aconteceu na Região da Pampulha, onde está o estádio Mineirão, que vai receber uma partida da semifinal da Copa do Mundo na próxima terça-feira (8). A Avenida Pedro I é uma das vias de acesso ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, esteve no local do desabamento e disse que ainda é prematuro apurar responsabilidades. "Não sabemos se é falha de projeto ou de construção", disse o chefe do Executivo, que afirmou ainda que a administração está empenhada em prestar assistência às vítimas. O prefeito decretou luto oficial de três dias na cidade.
Um segundo viaduto também está sendo construído ao lado do que desabou. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma vistoria verificou que a estrutura deste segundo elevado foi abalada com a queda do primeiro. Partes do viaduto foram escoradas para evitar novos desabamentos.
A Construtora Cowan, responsável pela obra, lamentou o acidente em nota e disse que iria prestar apoio às vítimas. "A Cowan lamenta profundamente o ocorrido com o viaduto sobre a Avenida Pedro I. Neste momento, a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares. A empresa informa que já enviou ao local a equipe técnica para iniciar as investigações", informa a nota.
A obra faz parte da meta 2 do Plano de Mobilidade do BRT, que seria usada durante a Copa do Mundo. Segundo a Secretaria Extraordinária da Copa, a Secopa, a construção tem verba federal, mas era executada pela Prefeitura de Belo Horizonte. O valor desta etapa da obra é de R$ 460 milhões, e, até agora, já foram executados R$ 445 milhões.
Vítimas e testemunhas
A motorista do ônibus era Hanna Cristina Santos, de 25 anos. Ela tinha uma filha de cinco anos, que estava dentro do veículo no momento do acidente (Veja ao lado flagrante do momento do resgate). O ex-marido de Hanna, Ederson Elisiano, esteve no Hospital Risoleta Neves para ver a filha. Ele contou que a criança faz aniversário na próxima semana. “Eu não sei como vou fazer, pois ela é muito apegada a mãe”, disse. A menina não se feriu com gravidade.