Jerônimo Silva, de 70 anos, pai do cantor Udson Cadorini Silva, de 41 anos, integrante da dupla sertaneja Edson & Hudson, disse em entrevista ao G1 nesta segunda-feira (7) que o músico está com problemas graves no fígado, rins e intestino, apesar de estar internado desde março em uma clínica para recuperação de dependentes químicos. Por essa razão, a família, que mora em Limeira (SP), optou por transferir Hudson para outro local. A decisão gerou conflito com a noiva do sertanejo, que disse ter sido proibida de visitá-lo no novo centro médico.
Informações sobre a nova clínica e a anterior são mantidas sob sigilo pela família. O psiquiatra que atende o cantor disse que o estado de saúde dele é complicado, mas estável. Hudson foi internado para se tratar da dependência de álcool e drogas. Ele é viciado desde os 19 anos, segundo a assessoria do artista. Hudson e o irmão, Huelinton Cadorini Silva, o Edson, cantam juntos há 30 anos. A dupla se separou entre 2010 e 2011 por problemas pessoais, mas reatou a parceria. Hudson foi preso duas vezes em um mesmo dia em 2013 por porte e posse ilegais de armas.
Na última quarta-feira (2) a noiva do rapaz, Thayra Machado, divulgou um vídeo pedindo ajuda para Hudson, relatando que está proibida de ver o cantor e que ele está debilitado. A assessoria de imprensa da dupla informou que Hudson atualmente está internado compulsoriamente, ou seja, por determinação judicial após pedido da família. O caso está sob segredo de Justiça.
"Nada do que a namorada está dizendo realmente está acontecendo. Hudson usa drogas desde os 19 anos. Ele está se recuperando e está cada vez melhor. Thayra e o pai dela foram tirar ele de lá, mas ele está doente e precisa permanecer internado", relatou a assessoria.
O pai do cantor disse que a família "não tem nada contra a namorada", mas a decisão de mudá-lo de clínica tem como objetivo "evitar a morte" do sertanejo, já que na anterior ele "não estava em total abstinência". Jerônimo afirmou ainda que o filho está sedado e que exames estão sendo realizados para diagnosticar todos os problemas de saúde. Segundo ele, o interesse da namorada "não é pela saúde do cantor".
"Ela queria se casar com ele dentro da clínica e não avisou ninguém da família. A gente nem conhece ela direito. É puro interesse. A gente tem um nome a zelar. Meu filho tem um coração do tamanho do mundo e o que eu mais quero é vê-lo bem e recuperado. Tenho 70 anos e não tenho rabo preso com ninguém. O que ela quer é prejudicar o meu filho", afirmou o pai.
Versão da noiva
No vídeo, Thayra, de 18 anos, que também mora em Limeira, relata que o sertanejo foi internado por ela e pela mãe dela após ter concordado com um tratamento de três meses. Ainda segundo Thayra, a família do músico o transferiu para outra clínica e, desde então, ela não tem acesso nem por carta e telefone, tendo sido impedida de visitá-lo, inclusive.
O G1 conversou nesta segunda-feira com um familiar de Thayra, que pediu para não ser identificado. Ele disse que desde março de 2013 o casal estava morando junto na chácara do cantor. "A Thayra não quer que o Hudson pare o tratamento, o que ela quer é que seja cumprido o que foi combinado."
De acordo com o familiar, nas últimas três vezes que a jovem visitou Hudson "ele estava bastante debilitado, babando e sem condições de tocar guitarra". Segundo o parente, o cantor estava sob responsabilidade da mãe da jovem, que repassou a tutela para o irmão e cantor Edson, que em seguida colocou o pai da dupla como responsável legal pelo cantor internado. Edson informou via assessoria que está "bem triste com tudo que tem sido noticiado" e a vontade dele "é que o irmão definitivamente se recupere".
Visitas e internação compulsória
A assessoria do cantor, em contrapartida, relatou que Thayra foi visitar Hudson fora dos horários estabelecidos pela clínica, além de tentar retirá-lo do local sem alta médica e sem considerar que a internação é compulsória, movida pelo pai e determinada por um juiz.
"Em sua última visita, Thayra manteve um comportamento totalmente inadequado, causando transtornos emocionais ao paciente e aos demais atendidos pela clínica. Foi comprovado pelos responsáveis que aquele tipo de atitude prejudica o resultado do processo terapêutico", disse a assessoria.
"Desde março de 2014 o cantor Hudson, que já vinha lutando contra a dependência química, anunciou que iria se submeter a um tratamento de reabilitação e, por esta razão, ficaria afastado dos palcos temporariamente. Preocupado com a plena recuperação do filho, o pai, Jerônimo Silva, reuniu inúmeros laudos médicos que atestaram a necessidade de prosseguimento de um tratamento intensivo e, com base em tais documentos, entrou com um pedido de internação compulsória. O pedido foi acolhido pelo Judiciário. Hudson segue internado em uma clínica de reabilitação e seu quadro é estável. De acordo com o boletim médico emitido pela clínica, as visitas se restringem ao representante legal do cantor, no caso, o Sr. Jerônimo", completou a nota da assessoria de imprensa da dupla.
A assessoria da dupla divulgou também uma nota oficial da clínica onde Hudson está internado atualmente, assinada pelo médico psiquiatra Fábio Roberto de Oliveira Pinheiro. Leia a íntegra:
“A clínica de reabilitação em dependência química informa que o paciente Udson Cadorini Silva encontra-se internado nesta instituição sob os meus cuidados médicos, após ação de internação compulsória, movida pelo pai, Jerônimo Silva. O paciente segue quadro estável de saúde, ainda em processo de investigação diagnóstica e sem condições de alta.
O tratamento médico oferecido está dentro dos padrões internacionais. O paciente em tela e seu representante legal, Jerônimo Silva, são informados periodicamente sobre a importância de todos os processos terapêuticos oferecidos e significados dos resultados dos exames estabelecidos. Devido a natureza e gravidade do seu quadro, as visitas seguem padrão igual ao qualquer estabelecimento de saúde que preste assistência a pacientes internados, havendo a necessidade de algumas restrições, por provocarem transtornos emocionais, o que acarretaria malefícios significativos ao tratamento e a recuperação.
Acusações de abusos e má conduta são infundadas. Farta documentação médica está à disposição da família e do paciente a qualquer momento e quando dá alta.”
Prisões e condenação
Em 20 de dezembro de 2013, a Polícia Militar encontrou 20,69 gramas de maconha dentro de uma bolsa do músico, mas um amigo que estava com o cantor assumiu ser dono da droga. O músico foi considerado apenas testemunha do caso, conforme informações da Polícia Civil de Limeira.
Em 20 de março de 2013, Hudson foi preso duas vezes por porte e posse ilegais de armas. Na primeira prisão, na madrugada daquele dia, policiais militares abordaram Hudson em uma rua do bairro Vila Cláudia, em Limeira, após chamado da ex-mulher do sertanejo, que ligou para a PM dizendo ter recebido mensagens via celular em que Hudson avisava que iria até a casa dela. Os policiais encontraram no carro do músico uma pistola 380, um revólver 38, um canivete, um soco-inglês e uma faca de cozinha. Ele pagou R$ 6 mil de fiança e foi liberado.
Na noite do mesmo 20 de março, o sertanejo foi preso pela segunda vez. Desta vez porque PMs foram à casa dele, também em Limeira, e encontraram no local mais armas e droga. Segundo informações da Polícia Civil à época, uma carabina com documento vencido, uma Beretta sem registro, munições de uso proibido e maconha foram localizadas na residência do músico.
A Justiça de Limeira condenou o cantor pelo crime de posse ilegal de arma de fogo e munições a três anos e seis meses de reclusão. A punição determinada pelo juiz Rogério Danna Chaib, no entanto, acabou substituída por prestação de serviços à comunidade e ajuda financeira a uma instituição social da cidade e que, em dois anos, vai somar aproximadamente R$ 65 mil.