O Brasil não se limitou a desperdiçar a chance de ser campeão mundial em casa. Fez pior. Apenas assistiu aos alemães jogarem futebol. Uma dolorosa surra no Mineirão. Müller, Klose, Toni Kroos, Khedira, Schürrle, Özil, Neuer… eles se divertiram em campo. A Alemanha fez 5 a 0 apenas no primeiro tempo e ampliou para 7 na etapa final. Isso mesmo, 7 a 0! Oscar diminuiu o vexame nos acréscimos, mas grande parte do Gigante da Pampulha permaneceu em silêncio. Pesadelo para quem compareceu ao Mineirão na esperança de uma classificação à decisão apesar da ausência de Neymar? Nada disso. É realidade. Terça-feira, 8 de julho de 2014: o dia que ficará na memória dos brasileiros pelos próximos 10, 30, 50, 100 anos.
Que os vice-campeões de 1950 possam descansar em paz. O goleiro Barbosa, tão crucificado pelo gol sofrido do ponta-direita Alcides Ghiggia, conviveu com o gosto amargo da culpa por cinco décadas. “A pena máxima para um crime no Brasil é de 30 anos. Eu pago por aquele gol há 50”, costumava dizer. Falecido em 2000, aos 79 anos, ele não viveu tempo suficiente para assistir ao grande vexame de sempre. O “Maracanazo” diante do Uruguai, na decisão de 1950, e a “Tragédia do Sarriá”, frente aos italianos na segunda fase da Copa de 1982, foram superados pelo que aconteceu em Belo Horizonte entre a tarde e a noite deste 8 de julho.
Há ainda a decisão do terceiro lugar. No sábado, em Brasília, o Brasil enfrenta o perdedor de Argentina x Holanda. Uma vitória, porém, não amenizará o sofrimento carregado pelos jogadores. "Infelizmente, não conseguimos. Desculpa a todo o mundo, todos os brasileiros. Só queria ver meu povo sorrindo. Todos sabem quanto eu queria ver o Brasil inteiro feliz por causa do futebol", disse, em lágrimas, o zagueiro David Luiz. Neste Mundial, a Seleção Brasileira venceu três partidas, empatou duas e perdeu uma. Até aqui foram 11 gols marcados e 11 sofridos.
Dos campeões mundiais, apenas Brasil (5) e Espanha (1) não fizeram a festa em seus domínios. Presente nas 20 edições já disputadas, a Seleção Brasileira terá que juntar os cacos para reformular a geração de 2018. O novo projeto passa pelo jovem Neymar, de 22 anos, que chegará mais maduro à Rússia para tentar concretizar o hexacampeonato. Já os veteranos, como Júlio César, Fred e Daniel Alves, dificilmente voltarão a um Mundial.