O cardeal Dom Odilo Scherer diz que o argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, deve estar mais ansioso que o alemão Joseph Aloisius Ratzinger, o Papa Emérito Bento 16, com a final da Copa no domingo (13). Com o Brasil fora e às vésperas "final dos Papas", o arcebispo de São Paulo lembra que "jogo é jogo" e agora é hora de os brasileiros caírem "na real" diante de outros adversários.
O cardeal admite que é inevitável a associação da final da Copa do Mundo com os dois pontífices, mas que se engana quem pensa que essa é a final dos sonhos no Vaticano. "O apreço da Igreja e dos católicos pelos países e povos está acima do êxito maior ou menor destes nos esportes", diz Dom Odilo.
Apesar disso, ele lembra que o argentino está mais envolvido com o Mundial. "Não tenho dúvidas de que o papa Francisco está mais ligado ao evento da Copa, pois é sabido que ele é um apreciador do futebol em seu país", afirmou. A ligação de Francisco com a seleção argentina foi até lembrada por uma charge postada no Twitter do Pontifício Conselho para Comunicação Social.
Com a isenção e "neutralidade" reafirmadas no campo da fé, coube a cada religioso torcer por seu país. Dom Odilo conta que acompanhou jogos do Brasil com expectativa e que se divertiu com o bom nível de outros jogos.
"A Copa do Mundo sempre envolve muito. O aspecto esportivo foi interessante, houve jogos de bom nível e criou-se uma interação bonita entre torcidas", disse Dom Odilo. "Creio que o evento contribuiu para a aproximação de povos e para a cultura da paz", disse o arcebispo.
Jornada x Copa
Apesar de ressaltar as diferenças entre os dois eventos, Dom Odilo lembra que a "surpresa" positiva dos turistas com o Brasil já era esperada depois da boa acolhida dos peregrinos na Jornada da Juventude, no Rio, em julho de 2013.
"Na Jornada Mundial da Juventude, essa mesma experiência, talvez, tenha sido até mais profunda, porque se criaram encontros e laços mais próximos dos jovens estrangeiros com pessoas e comunidades locais de todo o Brasil; e, no Rio de Janeiro, houve uma enorme multidão de jovens convivendo de perto durante uma semana com a população local", comentou.
Debates políticos no pós-Copa
Passada a festa, Dom Odilo lembra ainda que a Copa foi antecedida por diversas manifestações que merecem ser consideradas. "As questões levantadas durante os protestos democráticos precisam ser levados em conta nos debates políticos e culturais após a Copa", disse.
Em seu perfil no Twiiter (@DomOdiloScherer), o cardeal já havia feito da derrota contra a Alemanha um motivo de reflexão. "Vamos cair na real. Jogo é jogo", escreveu logo após a eliminação do Brasil.
Ao G1, ele reafirmou que agora é hora de ganhar o "jogo da vida". "No jogo da vida, o povo brasileiro precisa continuar a lutar, com coragem e perseverança, pela vitória sobre a pobreza, pelo convívio social pacífico, sem discriminação ou violência, pelo respeito ao próximo, a superação da corrupção em todos os âmbitos, pela educação e saúde de qualidade ao alcance de todos, por condições dignas de moradia, trabalho e transportes", comentou.
"Aí todos são chamados a descer das arquibancadas, para jogar contra adversários que não chegam de longe… Esta partida é nossa e esperamos ter boas vitórias nesse jogo, para a alegria de todos!", comentou.