"O Mustang sempre foi apaixonante": a frase é repetida à exaustão por diversos proprietários do "muscle car" da Ford que completa 50 anos em 2014. Em São Paulo, a comemoração aconteceu na última terça-feira (15), na Auto Show Collection, evento semanal realizado no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Foram expostas cerca de 50 unidades do Mustang de diversas gerações. Em comum, o amor e cuidado de seus donos, além do orgulho de exaltar o carro que virou sinônimo de esportividade nos anos 60.
Assim como os carros, as histórias são variadas. Há quem sempre teve veículos antigos, mas só experimentou a paixão pelo Mustang recentemente, além da estudante que ganhou o carro assim que entrou na faculdade e o colecionador que não resistiu ao primeiro esportivo e hoje possui vários.
De office boy a presidente do clube
José Fernando Christofanelli, presidente do Clube do Mustang de São Paulo, lembra que, nos anos 70, a oferta de veículos no Brasil era muito menor, restrita a algumas dezenas de modelos. Entre os mais populares estavam Fusca, Opala, Corcel e Brasília. Quando esportivos ou importados desfilavam pelas ruas, era um acontecimento. “Ficava impressionado com o Mustang. Tanto que falei para mim mesmo que, um dia, teria um. Na época, era garoto, e trabalhava como office boy”, conta.
Ainda que na metade dos anos 2000, Fernando comprou seu primeiro Mustang, um exemplar de 1995. Sete anos depois, trocou por um Shelby conversível zero-quilômetro, que acabou sendo vendido um tempo depois. “Infelizmente, bati o carro. Até mandei arrumar, mas não queria mais tê-lo”, diz. Mesmo assim, não abriu mão de ter um Mustang na garagem. O modelo atual é um Hard Top 1966. “Comprei o carro impecável, já com placas pretas. Meu único trabalho foi trocar as calotas, que caíam com facilidade, pelas rodas, também clássicas.
As próximas alterações a serem feitas são para melhorar o conforto. “Quero colocar ar-condicionado e direção hidráulica. Na época, o Mustang era um carro popular nos Estados Unidos, então esses itens eram opcionais, e nem todo mundo comprava”, explica.
Única mulher do encontro
Desde criança, a designer Lilian Capriolli queria ter um Mustang, preferencialmente dos anos 90. O sonho se tornou realidade em 2009, quando entrou na universidade e foi presenteada pelo pai com uma unidade 1995, da quarta edição do esportivo.
Única mulher proprietária de Mustang presente no encontro, Lilian conta que já rodou mais de 10 mil quilômetros com o carro quase seis anos.
“Só levo ele para encontros e rodo aos finais de semana”, afirma. “As vezes me perguntam se o carro é do meu pai ou do namorado, mas não ligo. O que importa é a paixão que tenho por ele”, completa.
Nem só de originais é feito o encontro. O fisioterapeuta Ricardo Tucci é dono de um Mustang Hard Top 1966 há 7 anos. “Quando comprei, tinha muita coisa para restaurar. Fui fazendo aos poucos, só a pintura levou quase um ano”. Também foram refeitos funilaria, estofamento e a parte mecânica. “Meu objetivo era deixar o carro com a minha cara”. Para isso, Tucci escolheu rodas esportivas e luzes de presença de LEDs cor laranja.
O motor, um V8 302 (5.0) teve componentes forjados, para aguentar melhor a potência elevada. Atualmente, são 350 cavalos, mas o objetivo do fisioterapeuta é ultrapassar os 500 cv. “Já estou com um turbo em casa, pronto para instalar”, brinca. Para completar o pacote de performance, a suspensão é voltada para o desempenho.
Trocou Fusca pelo Mustang
O administrador Fábio, que não quis dar o nome completo, conta que sempre foi fascinado por carros. “Já tive modelos V8, com o Maverick, e sou apaixonado pelo Fusca. Até o dia que comprei meu primeiro Mustang”, diz. Esse dia foi em 2010, quando Fábio adquiriu um GT zero-quilômetro. De lá pra cá, a paixão aumentou, e a coleção também. No intervalo de um ano e meio, foram adquiridos outros três Mustangs, um 1995, um Boss 302 2013 e um Grande Coupe 1973, além do carro do filho Stefano, uma unidade 1995.
O mais antigo da “frota” é também o favorito de Fábio, que conserva todo o material histórico do carro, como manual do proprietário e recortes antigos referentes ao carro. “Quando comprei, ele precisava de alguns retoques do martelinho de ouro, então fui fazendo aos poucos”, orgulha-se.