A Academia Brasileira de Letras (ABL) determinou luto de três dias por causa da morte do escritor João Ubaldo Ribeiro, que morreu na madrugada de hoje (18) em decorrência de uma embolia pulmonar. O escritor foi eleito, em 7 de outubro de 1993, como sétimo ocupante da Cadeira número 34 da ABL na sucessão do jornalista Carlos Castello Branco. O velório do corpo do escritor será no Salão dos Poetas Românticos da Academia, a partir das 13h.
O presidente da ABL, Geraldo Holanda Cavalcanti, determinou que a bandeira da Academia seja hasteada a meio mastro. “É uma grande perda para a Academia, para o romance e o jornalismo nacionais . João Ubaldo Ribeiro deixa uma obra de excelência. Estamos todos muito chocados com a notícia”, disse.
A ex-presidenta da ABL Nélida Piñon disse que a morte de João Ubaldo Ribeiro não é uma perda somente para a literatura brasileira, mas também para a língua portuguesa. A escritora ressaltou que João Ubaldo faz parte do grupo de notáveis do Brasil.
"De modo que perder um homem com essa estatura é uma tristeza e, sobretudo, porque era um moço, de 73 anos, em plena campanha criadora e reflexiva, que ainda tinha muito a dar ao Brasil. E sem falar que deixa os amigos, a família, a Berenice, sua mulher formidável, grande amiga de todos nós e a Academia Brasileria de Letras, sem uma pessoa que faz parte do nosso núcleo afetivo", destacou.
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"É uma grande perda para a Academia, para o romance e o jornalismo nacionais. João Ubaldo Ribeiro deixa uma obra de excelência. Estamos todos muito chocados com a notícia”.
João Ubaldo deixa viúva Berenice Ribeiro e quatro filhos: Bento, Francisca, Manuela e Emília.
O escritor, jornalista e acadêmico João Ubaldo Ribeiro foi ganhador do Prêmio Camões de 2008, maior premiação para autores de língua portuguesa. Escreveu os romances Sargento Getúlio, O Sorriso do Lagarto, A Casa dos Budas Ditosos e Viva o Povo Brasileiro, que chegou a ser tema de samba-enredo da Escola de Samba Império da Tijuca, no carnaval de 1987, no Rio de Janeiro.
Nascido em Itaparica (BA), com 2 meses de idade, a família mudou-se para Aracaju, onde passou parte da infância. Seu pai, Manuel Ribeiro, advogado de renome na capital baiana, e também professor, não admitia a ideia de ter um filho analfabeto e, em 1947, contratou um professor para dar aulas particulares.
João Ubaldo estreou no jornalismo em 1957, trabalhando como repórter no Jornal da Bahia. Depois transferiu-se para a Tribuna da Bahia, onde chegaria a exercer o posto de editor-chefe. Juntamente com Glauber Rocha, editou revistas, jornais culturais e participou do movimento estudantil em 1958.
Em 1964, João Ubaldo parte para os Estados Unidos após conseguir uma bolsa de estudos da embaixada norte-americana, para fazer mestrado em ciência política na Universidade da Califórnia do Sul.
O escritor tinha uma coluna nos jornais O Globo, além de colaborar com periódicos da Alemanha, Portugal, O Estado de São Paulo e A Tarde.