Com apoio do marido, moradora de Búzios emagrece e vence depressão

Arquivo pessoal/Ana Lúcia TardelliA morte de uma pessoa querida e problemas no trabalho fizeram com que Ana Lúcia Tardelli se tornasse compulsiva

A morte de uma pessoa querida e problemas no trabalho fizeram com que Ana Lúcia Tardelli se tornasse compulsiva

Ter mais de 45 anos, ser dona de uma lanchonete e não gostar de jeito nenhum de academia são os álibis perfeitos para desistir de emagrecer antes mesmo de começar a tentar. Isso era mais ou menos o que vinha acontecendo com Ana Lúcia Tardelli que, em 2009, com problemas no trabalho e diante da morte de uma pessoa muito querida, tornou-se compulsiva e passou a engordar. “Eu comia a todo momento, o tempo inteiro, mesmo sem fome eu comia. Percebia que estava descontrolada”, relata. Com isso, Ana Lúcia, que tem 1,59 m de altura, chegou aos 80,2 kg.

O quadro de obesidade e a depressão fizeram com que ela se escondesse dentro de casa. “Saí do trabalho e me tranquei no meu mundinho. Uma amiga minha do Rio veio até Búzios e fugi dela. Estava me escondendo, não queria mais sair de casa”, diz. Mas Ana Lúcia teria que sair de casa. Ela e o marido iam a um evento no fim de semana e, alguns dias antes, ela começou a sofrer porque não queria ir, porque não tinha roupa, e porque se recusava a comprar uma roupa de tamanho maior. Sozinha em casa, diante do armário aberto, ela começou a chorar. E, neste momento, seu marido chegou em casa e presenciou a cena. Depois de muita insistência, ela explicou para ele a razão da tristeza.

“Ele sentou na beira da cama e foi muito bacana comigo. Depois que eu desabafei, ele falou: ‘Vou dar duas opções: ou você se assume como obesa, e aí você tem que se assumir por completo, vai ter que comprar roupa de obesa, fazer de tudo como alguém obeso, ou você levanta agora dessa cama, eu te ajudo, levo toda a comida para a casa da minha mãe, vamos ao supermercado, a gente troca toda a nossa alimentação. A casa toda ‘fecha’ com você. Vamos à farmácia, você se pesa, traça uma meta, começa a tentar cumprir, a gente entra numa academia. Eu estou querendo te ajudar, você quer?’”, conta.

A primeira resposta dela foi “não”. “Eu dizia que não iria conseguir. Ele me pediu para fazer uma tentativa de um mês, e eu não quis.” Flávio reduziu o prazo: “Faça uma tentativa de uma semana. Se você não conseguir, eu não insisto mais”. Diante da perseverança do marido, Ana Lúcia se viu impelida a tentar – mas não sem antes lançar mão de todas as formas de boicote.

Ela reclamou que não tinha tênis para fazer caminhada; o marido foi e comprou. Ela disse que não tinha roupa para fazer atividade física; Flávio foi e comprou. Foi ele também quem determinou que ela comeria de 3 em 3 horas. “No primeiro dia, à noite, eu estava roxa de fome, comecei a chorar. Ele foi à cozinha, fez chá, trouxe três biscoitinhos. De madrugada, acordei com muita fome. Ele não me deixou levantar, e foi até a cozinha, pegou um copo de água e uma maçã. (…) Na primeira semana, eu chorava de fome. Eu fiquei pirracenta, descontava no meu marido, fiquei num estado de nervo alterado. Ele pediu aos nossos filhos que tivessem paciência comigo, porque eu brigava por tudo”, lembra.

No quesito atividade física, o primeiro dia de caminhada durou apenas 15 minutos e terminou com Ana Lúcia sentada na calçada, com muita falta de ar. Hoje ela caminha cerca de duas horas por dia, todos os dias, “faça chuva ou faça sol”.

Com o apoio do marido – e também dos três filhos – a moradora de Búzios cortou frituras, doces, trocou toda a alimentação por produtos light e integrais. Ana Lúcia também não toma mais nenhum tipo de refrigerante, nem suco de caixinha, só suco natural, e come muita fruta e abusa dos legumes e verduras. “Antes eu tinha muito problema de saúde, problema de fígado, vomitava todos os dias, tinha enxaqueca. Hoje em dia, não sinto absolutamente nada, minha saúde está perfeita”, conta.

Ana Lúcia diz que aprendeu muito pesquisando na internet, lendo blog de pessoas que emagreceram, consultando site de nutricionistas. “Criei uma página de reeducação alimentar, tudo o que eu aprendia, eu dividia. Comecei com poucas pessoas, hoje em dia tem quase 33 mil seguidores, mais que o número de habitantes da minha cidade”, diz.
O esforço do marido – e a dedicação de Ana Lúcia – deram resultado: ela eliminou mais de 20 quilos em cerca de sete meses e, há seis meses, mantém o peso na casa dos 59 kg. “Sofri uma semana com a alimentação. Em sete dias, já estava bem melhor da fome. Mas é uma busca constante, a compulsão é para o resto da vida, é uma doença.” E conclui: “Tenho certeza que só consegui porque meu marido ficou do meu lado o tempo inteiro.”

Fonte: G1

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