Na última semana, um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que a disfunção erétil é o segundo problema de saúde que mais preocupa o homem brasileiro, ficando atrás apenas do câncer.
O que muitos temem, mais até do que um infarto, era uma constante na vida de José Carlos Lima, de 60 anos. "Como tenho diabetes há mais de 30 anos, sempre tive problemas", revela o ex-técnico em farmácia, afastado do trabalho por conta de um AVC. Só que os problemas maiores, ele conta, começaram há cinco anos, quando nem medicamentos e injeções davam conta do recado: "Chegou uma hora que não estava dando mais".
Após uma conversa com um especialista, lhe foi sugerido que adotasse uma prótese peniana. Lima optou pelo modelo semirrígido, em 2011, e desde então seu casamento de 35 anos – e provavelmente não só ele – está de pé. "Na parte sexual, salvou o meu casamento. É horrível ter a mulher do lado e não conseguir ter a relação. Estava ficando complicado, um jogava a culpa no outro."
O QUE É A PRÓTESE?
Urologista e coordenador do grupo de disfunção sexual do Centro de Referência de Saúde do Homem, em São Paulo, Alcides Mosconi afirma que as próteses mais usadas são a semirrígida e a inflável.
"Na semirrígida, são fios de prata recobertos por silicones que vão dentro dos corpos cavernosos [do pênis]. Com estímulo, ele tem uma ereção, e o fio é que dá a sustentação. Os resultados são muito bons. Já na inflável, o que faz a ereção é o soro que fica em um dispositivo dentro da bolsa escrotal. É um bombinha, você aperta com a mão e joga o soro no reservatório dentro dos corpos cavernosos, aí cria uma ereção artificial", explica o urologista.
Ele estima que, em 2013, mais de 120 próteses do tipo semirrígida, realizada de graça no Centro de Referência de Saúde do Homem, foram implantadas, e que pacientes com 60 a 70 anos de idade compõem a maioria dos casos. Sobre a cirurgia em si, ela dura em torno de uma hora, e o paciente é liberado para ter uma relação sexual após 30 dias.
AS MULHERES APROVAM
A esposa de José Carlos não é a única a aprovar a prótese peniana. De acordo com uma pesquisa do próprio Centro, 82% das companheiras de homens que passaram pela cirurgia se disseram satisfeitas sexualmente com o resultado; antes dela, a satisfação era de 56,2%.
O aposentado Laudemir*, de 73 anos, preferiu aguardar a cirurgia antes chamar sua atual esposa, com quem casado está desde 2012, para sair. "Do jeito que eu estava não conseguia fazer nada. Não penetrava de jeito nenhum, até parecia macumba. Ele [o pênis] entortou, doía bastante, não dava para fazer nada", conta.
Após a implantação da prótese semirrígida, Laudermir lembra que abriu o jogo com a companheira. "Eu falei que não sabia nem como ia ser, não tinha feito teste com ninguém." A julgar pela frequência com que o casal fazia sexo, ela aprovou. "No começo era todo dia, até duas vezes por noite." Agora são duas vezes por semana. O aposentado questiona se existe alguma "vitamina" para que a regularidade de antes volte. Talvez seja hora de consultar um novo especialista, Laudemir.
* O sobrenome não foi publicado a pedido do entrevistado.