O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, declarou nesta quinta-feira (24) que os destroços do avião da Air Algérie que caiu nesta quinta com 116 pessoas a bordo foram vistos entre as cidades de Aguelhoc e Kidal, no norte do país, segundo informações da agência Reuters.
"Eu acabei de ser informado que os destroços foram encontrados entre Aguelhoc e Kidal", afirmou o presidente, sem dar mais detalhes, durante reunião com líderes políticos, religiosos e da sociedade civil em Bamako.
Mais cedo, a Air Algerie informou no Twitter que o avião teria caído na região de Tilemsi, a cerca de 70 km de Gao, no Mali. O avião viajava de Uagadugu, em Burkina Faso, a Argel.
O aeroporto de Uagadugu, por meio de seu site, informou que "as forças francesas estacionadas no Mali detectaram destroços do AH5017 no meio caminho entre Gao e Kidal, em uma área de deserto muito inacessível".
O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse que há aeronaves francesas buscando pelo avião da Air Algérie.
Segundo a companhia, o avião levava 110 passageiros e seis tripulantes – entre eles dois pilotos. Os tripulantes eram todos espanhóis, de acordo com o sindicato de pilotos comerciais espanhol Sepla.
A empresa informou ter perdido contato com a aeronave 50 minutos após a decolagem, em Uagadugu, capital de Burkina Faso.
Testemunha
Uma testemunha afirmou ter visto o avião da Air Algerie cair na região de Gossi, no norte do Mali, declarou Gilbert Diendiéré, chefe de Estado-Maior de Burkina Fasso, de acordo com a agência France Presse.
"Um informante (…) nos indicou ter visto o avião cair às 1h50 (22h50 de quarta-feira no horário de Brasília). Estamos em contato com esta testemunha e pretendemos visitar o local" para verificar essas informações, revelou o general Diendiéré, coordenador da célula de crise estabelecida em Uagadugu, de onde o avião decolou em direção a Argel.
"Nós acreditamos que esta fonte é confiável, porque nós também observamos as imagens de radar que mostram a progressão da aeronave até a sua queda, que coincide com o local indicado pelo nosso informante", acrescentou.
A cidade de Gossi está localizada a cerca de 100 km a sudoeste de Gao, a maior cidade do norte do Mali e possível local da queda da aeronave próxima da fronteira entre Mali e Burkina Fasso.
O general Diendiéré afirmou ainda que "nas imagens de radar", vemos que "o avião saiu de seu curso por causa de uma tempestade", que "pode ser a causa do que aconteceu."
"Mas, por enquanto, não temos certeza, nós ainda não vimos o avião", acrescentou, no entanto.
Mau tempo
A Air Algérie publicou em seu site que a aeronave decolou de Burkina Faso à 1h17 locais (22h17 de quarta-feira em Brasília) e deveria pousar na Argélia às 5h10 locais (1h10 de Brasília), mas nunca chegou ao seu destino. Segundo a empresa, o avião é um McDonnell Douglas MD-83.
Mas autoridades da aviação em Burkina Faso afirmaram ter passado o controle do avião para a torre de Niamey, no Níger, após o voo pedir para fazer uma alteração de rota devido a uma tempestade, e disseram ter perdido o contato com o aparelho depois de duas horas.
Um diplomata em Bamako, capital do Mali, afirmou que houve uma forte tempestade de areia à noite no norte malinês, que fica na rota de voo do avião.
Segundo o site da Air Algérie, a companhia realiza quatro voos por semana no trecho no qual o avião desapareceu.
Passageiros
Segundo a Air Algérie, a lista de passageiros inclui 51 franceses, 24 burquineses, oito libaneses, seis argelinos, cinco canadenses, quatro alemães, dois luxemburgueses, um suíço, um romeno, um belga, um camaronês, um ucraniano, um egípcio, um nigeriano e um malinês, além dos seis tripulantes espanhóis. Vários passageiros deveriam fazer escala em Argel, e seguir para Paris ou Marselha.
Para a Air Algérie, este é mais um duro golpe seis meses apois uma catástrofe no leste do país.
Em fevereiro, um Hercules C-130 da companhia que voava entre Tamanrasset (2.000 km ao sul de Argel) e Constantine (450 km a leste de Argel) caiu pouco antes de sua aterrissagem, fazendo 76 mortos. Um passageiro sobreviveu.