Sob o comando de um Edir Macedo barbudo, usando manto sobre os ombros e quipá na cabeça, a nata da política nacional promete dar as bênçãos ao maior espaço religioso inaugurado no Brasil, o Templo de Salomão, construído pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), no Brás, região central de São Paulo.
Dos pesos pesados da política, apenas a presidente Dilma Rousseff oficializou sua presença na solenidade marcada para a próxima quinta-feira (31), mas os convites também foram distribuídos aos 27 governadores, ministros de Estado, ministros do Supremo Tribunal Federal, para o presidente do Congresso, Renan Calheiros, e para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Além da presidente, apenas os parlamentares do PRB, partido da Universal e aliado do governo no Congresso, garantiram aparecer: dez deputados federais e o senador Marcelo Crivella, candidato ao governo do Rio de Janeiro.
Na cúpula da Universal, a ordem é fazer segredo sobre quem confirmou presença e sobre como será a cerimônia: a nenhum jornalista será permitido entrar na igreja. As únicas informações são de que os hinos de louvor serão ritmados por uma orquestra e que a palavra não será permitida nem à presidente: só Edir Macedo vai falar.
Aos que forem à cerimônia, a promessa é participar de um tour pela edificação, cuja altura é equivalente a um prédio de 11 andares – até um museu foi construído no templo. O Memorial pretende contar a história detalhada das 12 tribos de Israel.
A ambiciosa ideia de Macedo não custou barato. Para colocar de pé os 35 mil metros quadrados de área construída (a Basílica de Aparecida tem 18 mil metros), o primeiro passo foi dar um novo uso a um estacionamento de 100 mil metros quadrados. Depois, os fiéis da Universal bancaram a importação de pedras de Hebron, em Israel, 10 mil cadeiras da Espanha e até pés de oliveiras. Todos esses intens fizeram o templo custar R$ 680 milhões, segundo a IURD.
O bispo assegura que o espaço é uma réplica fiel do templo em Jerusalém, construído pelo próprio rei Salmão, filho de Davi, centenas de anos antes do nascimento de Cristo. Destruído pelo império babilônico, foi reconstruído no ano 160 a.C., mas aí foi a vez de os romanos colocá-lo abaixo 70 anos d.C.
Enquanto durar o calendário oficial de inauguração, pelo menos 60 delegações internacionais devem visitar o prédio. A condição é que, até o fim deste período, visitantes desembolsem até R$ 45 para embarcarem em caravanas organizadas pela própria Universal, que vai contratar uma empresa de ônibus de turismo para cuidar do serviço.
O encontro de quinta vai ser a última chance de reunir de maneira pacífica centenas de políticos que, 19 dias depois, vão começar o tradicional vale-tudo no horário eleitoral gratuito.