O último suspeito de participar de um grupo de extermínio no Trapiche da Barra se apresentou na manhã desta segunda-feira (4) na Delegacia Geral de Polícia Civil. Élcio Matias dos Santos, o “Nego Biu”, se apresentou junto com o advogado Gelson Palmeira para prestar esclarecimentos ao delegado Denisson Albuquerque.
Em entrevista ao Alagoas 24 Horas , Nego Biu confirmou sua participação em dois crimes, mas disse não ter sido o mentor de nenhum deles. “Foi o ‘Polho’ [Junior Barbosa] que chamou. Eu participei na morte de duas pessoas apenas. Essas pessoas cometiam pequenos furtos na região, roubavam, já roubaram a casa do pai do Júnior Barbosa, roubavam também zinco, cadeiras de plástico, bermuda e sandálias”, disse.
Entre os jovens encontrados mortos no Cemitério de São José estava o corpo de um adolescente identificado apenas como “Ninho”. O jovem era acusado de traficar drogas na região e, de acordo com Nego Biu foi enforcado por Júnior Barbosa.
Outro crime atribuído a Nego Biu foi a morte de outro jovem identificado apenas pela alcunha de “Lúcifer”. “Fomos pra casa do Júnior das Máquinas, na Barra Nova, onde ele foi executado. Inclusive o Júnior não sabia do fato e não tem nada a ver”, garantiu o acusado.
Para dar fim à vida do jovem infrator, Nego Biu disse que o segurou enquanto uma corda foi colocada sobre ele. “Aí nós perguntávamos onde é que estavam as cadeiras que ele tinha roubado”, relatou. Com a negativa, eles matavam o jovem e, em seguida, queimaram o corpo.
Sem antecedentes
Para o advogado Gelson Palmeira, o fato de Nego Biu ter amizade com Júnior Barbosa, onde chegou até a trabalhar em uma de suas campanhas políticas, fez com que ele se envolvesse no crime. Mesmo assim, Gelson alega que o seu cliente não sabia.
“Foi tudo de repente, nada foi articulado. Ele trabalhou pro Júnior em uma campanha, criou laços, e foi convidado a participar do crime sem saber. Meu cliente é uma pessoa evangélica e que nunca foi preso. Ele entrou de ‘gaiato’ nisso”, justifica.
Motivos
A principal peça do caso, o ex-suplente de vereador Júnior Barbosa (PCdoB), quando preso na última quinta-feira (01) chegou a declarar para a imprensa que iria dizer o nome de alguns políticos envolvidos no caso e que teriam interesse direto na morte desses jovens criminosos.
Seu depoimento prestado Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) não foi revelado, mas o delegado Denisson Albuquerque descartou a hipótese de que haveria políticos envolvidos no crime.
Ainda segundo Nego Biu, não havia mais ninguém e o grupo não possuía liderança. “Não tinha líder, tudo foi planejado de última hora na casa do Barbosa”, destacou à reportagem.