Elba Lúcia Lins Monteiro, de 47 anos, tem Síndrome de Down, cardiopatia, frouxidão dos ligamentos e, por volta dos 30 anos, tornou-se cadeirante. Quando nasceu, os médicos lhe davam, no máximo, 25 anos de vida. Com a ajuda da irmã Eliane, no entanto, Elba perdeu peso e tem uma vida saudável.
Eliane Lins de Lima é oito anos mais velha que Elba, que ainda tem outros dois irmãos. Ela conta que a caçula começou a engordar a partir dos 12 anos. “Ela não era uma criança ativa, então começou a engordar. Geralmente, crianças com Síndrome de Down são gordinhas, porque quando elas sentem que estão saciadas, já comeram muito”, diz. Além disso, por causa dos problemas de saúde de Elba, a mãe deixava a menina comer à vontade. “Ela comia macarrão, muita macaxeira, pão, tomava refrigerante.”
Na prática, Eliane sempre tomou conta da irmã, fato que se intensificou após o falecimento da mãe, em . “Minha irmã fez um exame de coração e deu que ele estava inchado, devido à gordura. Aí eu me preocupei. E ela começou a ter mais dificuldade de andar. Procurei uma endocrinologista e ela disse: ‘Infelizmente, não tem o que fazer, sua irmã não gasta calorias, então, ela não tem como emagrecer’.”
Eliane se recusou a aceitar que a irmã estava “condenada à obesidade”. Na ocasião, mais de 15 anos atrás, ela comprou revistas especializadas em saúde, passou a assistir programas de televisão que falassem sobre nutrição e, com o tempo, aprendeu a mexer no computador para fazer pesquisas. Por conta própria, Eliane foi fazendo adaptações no cardápio da irmã. O primeiro passo, foi melhorar a qualidade da alimentação de Elba. “Não tirei a alimentação da minha irmã, eu mudei. No início, eu botava a mesma quantidade, só mudando a qualidade. Aos poucos, fui reeducando. Hoje ela come um prato cheinho, mas não tanto quanto era antes”, explica.
O café da manhã de Elba é composto basicamente de frutas, sempre variando as opções para ela não enjoar, acompanhadas de castanha-do-pará e aveia. No almoço, legumes cozidos no vapor, arroz integral, feijão, uma porção de carne, tudo acompanhado de duas colheres de linhaça dourada e mais duas de farelo de trigo e nada de líquido. “Eu trituro a linhaça de dois em dois dias e boto na geladeira. Se for triturada muito tempo antes, ou se comprar já triturada, ela perde nutrientes”, explica. À tarde, um iogurte ou leite fermentando e, no jantar, inhame, cuscuz ou macaxeira. Nos finais de semana, Elba está liberada para comer o que quiser, mas Eliane controla de perto as quantidades.
Como Elba não consegue ficar em pé para subir na balança e se pesar, Eliane não sabe dizer ao certo quantos quilos ela perdeu, mas estima que seja algo em torno de 40 quilos. O emagrecimento, no entanto, pode ser medido nas roupas, que recuaram do manequim 50 para o 38 – resultado que a família vem conseguindo manter há 17 anos. “O exercício é altamente importante, mas e quem não pode fazer? E quando a gente chega no médico e ele tira nossas esperanças? Eu gostaria de repassar a minha experiência para que as pessoas que sofrem desse e de outros problemas não desistam”, diz Eliane.
As duas irmãs, nascidas em Maragogi (AL), moram em Jaboatão dos Guararapes (PE). Eliane não tem curso superior, estudou até o ensino médio, é casada e tem duas filhas, de 30 e 32 anos. Uma delas, formou-se em nutrição, por influência da mãe. Elba, antes fadada a ser obesa e a morrer jovem, tem 47 anos e todas as suas taxas – colesterol, triglicérides e pressão – estão normais.