Bombas de fumaça e tiroteio marcam o domingo nos EUA

Embate entre polícia e manifestantes deixou um baleado e sete presos.

LUCAS JACKSON / REUTERSPolícia atirou bombas de fumaça e gás lacrimogêneo para segurar as manifestações em Ferguson, na madrugada deste domingo

Polícia atirou bombas de fumaça e gás lacrimogêneo para segurar as manifestações em Ferguson, na madrugada deste domingo

O toque de recolher estipulado no sábado, após o governador do Missouri, Jay Nixon, declarar Estado de emergência, não inibiu os manifestantes. Ao contrário, os protestos contra a morte de Michael Brown, negro de 18 anos alvejado pela polícia em 9 de agosto, quando já estava rendido, se arrastaram pela madrugada em Ferguson. Na madrugada deste domingo, uma pessoa foi baleada e sete foram presas.

Para conter os cerca de 150 manifestantes, que se recusavam a voltar para suas casa a partir das 0h, os policias dispararam bombas de fumaça e gás lacrimogêneo. A polícia defendeu sua ação como uma “resposta adequada” depois que um carro da corporação foi baleado.

De acordo com o capitão da Polícia Rodoviária Estadual, Ron Johnson, às 3h (horário local) um tiroteio próximo ao restaurante Red The BBQ Man deixou um homem gravemente ferido. Sete pessoas foram presas.

“Vimos um sujeito em pé no meio da estrada com um revólver. Um carro da polícia foi alvejado. E, sim, eu acho que foi uma resposta adequada, esta noite, para manter a segurança dos policiais e da segurança pública”, disse o capitão Johnson.

Os conflitos começaram a se inflamar em Ferguson a partir de sábado, quando a polícia divulgou um vídeo onde Michael Brown supostamente assaltava uma loja de conveniência. No entanto, o chefe de polícia, Thomas Jackson, depois afirmou que o policial que atirou em Brown, identificado na sexta-feira como Darren Wilson, não sabia que ele era suspeito de roubo. Familiares do jovem acusaram a polícia de tentar “justificar o assassinato em estilo de execução”, e dezenas de manifestantes saíram às ruas.

Na madrugada deste domingo, centenas se reuniram na estrada principal de Ferguson. Enquanto muitos marchavam pacificamente, outros gritavam que não iriam respeitar o toque de recolher. Após tentativa de alertar os manifestantes com alto-falantes, policiais dispararam bombas de fumaça e gás lacrimogêneo.

“O toque de recolher vai piorar as coisas”, disse Phonso Scott, de 24 anos, que estava nas ruas protestando. “Eu acho que os policiais vão ficar mais violentos esta noite, mas eles não podem bloquear todos nós”.

O governador Jay Nixon afirmou que, embora muitos manifestantes tivessem ouvido os pedidos por paz, ele não iria permitir que alguns saqueadores colocassem em perigo a comunidade.

“Precisamos primeiro ter e manter a paz. Este é um teste. Os olhos do mundo estão assistindo”, declarou Nixon. “Não podemos permitir que a má vontade de poucos mine a boa vontade de muitos”.

As circunstâncias do tiroteio que feriu um homem neste domingo não estão claras e o Departamento de Justiça dos EUA abriu uma investigação sobre o caso. Segundo o capitão Ron Johnson, nomeado responsável pela segurança em Ferguson, 40 agentes do FBI estavam indo de porta em porta coletar informações sobre o incidente.

De acordo com o ativista dos direitos humanos Al Sharpton, uma manifestação pacífica, liderada pela família de Michael Brown, está prevista para este domingo.

Fonte: O GLOBO

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