Um grupo de cinco amigas de Paulista, cidade a 30 minutos de Recife, aguardavam mais de quatro horas na fila de cinco quilômetros formada pelos pernambucanos que desejam dar o último adeus ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto na quarta-feira (13) em um acidente de avião em Santos, litoral de São Paulo.
A fila, que no início da manhã demorava em torno de uma hora para ser completada, começa na ponte Princesa Isabel – que cruza o rio Capibaribe –, contorna a Praça da República até a ponte Buarque de Macedo e faz todo o caminho de volta até finalmente chegar ao Palácio do Campo das Princesas, onde o corpo do ex-presidenciável é velado.
A professora Elza Maria, de 51 anos, aguardava na fila com as amigas há quatro horas. Elas chegaram às 9h15, mas às 15h15 estavam na metade do caminho.
“Vou ficar até o fim e depois vou ao enterro”, assegura.
Ao seu lado, a conselheira tutelar Joselma Nascimento (31) dizia que a pergunta que pairava no ar era sobre quem ocuparia o lugar de Campos na política local. “No momento não vejo ninguém. Mas ainda é cedo, quem consegue pensar em outra coisa a não ser na tragédia?”
A professora Elza Maria (51) não perdia a animação, apesar do cansaço. “Não vamos desistir do adeus”, dizia ela. “O velório, a missa e o enterro são muito importantes para cair a ficha do pernambucano: o Campos morreu!”
A demora na fila se agravou em razão da missa, que por quase duas horas interrompeu o fluxo. Ao chegar em frente ao caixão, os pernambucanos são recebidos ora pela viúva, Renata Campos, ora pelo herdeiro político do ex-governador, João Henrique Campos. Enquanto a ex-primeira-dama do Estado mostra-se visivelmente abatida, o rapaz parece mais consolar do que ser consolado.