A Comissão de Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou nesta sexta-feira (16) que fez uma vistoria no Jardim Zoológico de Brasília e vai ingressar com uma representação por maus-tratos junto ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV).
De acordo com a presidente da Comissão de Direito dos Animais, Beatriz Bartoly, diversas irregularidades foram encontradas na clínica usada para tratar os bichos. Há remédios fora da data de validade, leite em pó empedrado e jaulas em más condições de higiene. O Zoo informou que não vai se pronunciar sobre a denúncia até que o conselho visite o parque.
"Constatamos remédios sendo utilizados totalmente fora do prazo, leite sendo dado aos filhotes com prazo vencido há mais de um ano”, disse Beatriz. "Vi muitas cápsulas dentro de cestinha, fora da embalagem, sem identificação. É um conjunto de questões dentro do hospital muito preocupantes."
A visita da OAB ao parque foi motivada por denúncias recebidas contra a responsável técnica pelo hospital veterinário do zoo. Um vídeo divulgado na internet nesta semana também chamou a atenção para as condições em que os animais são mantidos. Nas imagens, feitas por um corretor de imóveis que visitou o parque no último domingo (11), o elefante Chocolate aparece jogando água seguidas vezes em uma ferida esbranquiçada e profunda nas costas.
O autor da filmagem disse que foi informado por um funcionário de que os veterinários haviam sido exonerados durante a troca de governo e que o animal não estava sendo tratado. O Zoológico negou a informação e disse que o bicho é medicado duas vezes ao dia.
A presidente da comissão disse não ter constatado maus-tratos com o elefante, mas afirmou que tenta acionar uma equipe de veterinários para avaliar o animal. "Estamos tentando ver se conseguimos que a antiga veterinária que cuidava do Chocolate se prontifique para ver ele. Ele obedece muito ela", disse.
O elefante Chocolate foi resgatado do circo com vícios provocados pelo estresse. Quando chegou ao zoológico, mesmo no recinto novo, dançava 18 minutos a cada hora. Depois de iniciado o tratamento com música clássica, a repetição caiu para três minutos por hora.
"Falam muito que o Chocolate precisa de atendimento diferenciado por todo o histórico dele, de ter alguém que consiga lidar com ele, até a própria maneira do curativo estar sendo feito. Talvez pudesse ser mais efetivo se alguém que tivesse a confiança do animal o fizesse. Mas não posso afirmar categoricamente", diz Beatriz.
"É um animal que precisa ser mantido separado, em um espaço que não é próprio para ele. Ele sofreu um histórico de maldades. A questão mais imediata são os ferimentos. Não sei dizer se o medicamento sendo usado nele está ou não com problemas."
Beatriz afirma que durante a visita não constatou irregularidades na área de nutrição dos animais, mas apenas na clínica. "A nossa questão é com a responsável técnica pelo hospital veterinário."
"Ela tentou justificar o injustificável, acusar aqueles que são subordinados a ela. Não tem justificativa. O responsável técnico tem que vistoriar. Não é possível que haja remédios vencidos há mais de um ano no armário do ambulatório, reagentes químicos dos exames com prazo vencido, condições de higiene nas jaulinhas inadequadas."