"O mandante do assassinato é Adalberon de Moraes", diz viúva de Bandeira

Alagoas 24 HorasAdalberon de Moraes e outros dois acusados estão sendo julgados pela morte do professor Paulo Bandeira

Adalberon de Moraes e outros dois acusados estão sendo julgados pela morte do professor Paulo Bandeira

A viúva do professor Paulo Bandeira, Cilene Bandeira, foi a primeira testemunha de acusação a depor durante o julgamento do ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes e dos policiais militares Ananias Oliveira Lima e Geraldo Augusto Santos Silva, acusados de assassinar a vítima em 2003.

Durante o depoimento dado ao juiz titular da 8ª Vara Criminal, Jonh Silas, Cilene afirmou – com convicção – que não tem dúvidas quanto à autoria do crime.

"Não tenho dúvidas nenhuma de que o mandante do bárbaro assassinato do meu marido é o Adalberon de Moraes. Eu e Paulo éramos companheiros e amigos. Ele sempre me confidenciou as ameaças que sofria do ex-prefeito de Satuba", afirmou Cilene.

Cilene contou ainda que, após o homicídio, o então prefeito quis encontrar a família do professor para falar de sua inocência no crime. "Após o assassinato, estávamos na delegacia quando soubemos que Adalberon queria nos encontrar para falar que era inocente. Neste momento, vi que nunca tinha sentido tanta raiva e a vontade era pular no pescoço de alguém”.

Cilene relatou também que Paulo Bandeira não tinha o costume de dormir fora de casa e, na manhã seguinte ao crime, sentiu que algo tinha acontecido com seu marido. “Ele era muito pontual e costumava chegar em casa por volta da meia-noite após sair da escola. Eu fiquei esperando no sofá e adormeci. Às cinco horas da manhã do outro dia acordei e percebi que ele não havia dormido em casa. Eu gelei. Assim, chamei meu cunhado para irmos até a escola em Satuba. Lá, o porteiro se assustou com a nossa chegada. Fomos recebidos pela diretora Nanci e ela informou que ele não tinha ido a escola no dia anterior. Ela parecia bastante assustada”, informou.

Durante o interrogatório, Cilene chegou – por várias vezes – a chamar Adalberon de Moraes de tirano ao relatar o tratamento dado ao professor Paulo Bandeira.

Questionada se a vítima poderia ter cometido suicídio, Cilene descartou a possibilidade. "Ele amava os filhos e o seu sonho era arrumar a casa de seus pais, que à época estava com alguns problemas. Nunca ele seria capaz de cometer suicídio", disse Cilene.

Irmão da vítima

A segunda testemunha a depor foi o irmão do professor, João Bosco Costa Bandeira. Ele reafirmou ao juiz Jonh Silas que Paulo Bandeira foi morto após denunciar um esquema de desvio de recursos realizado pela Prefeitura de Satuba.

João Bosco se emocionou ao ressaltar o caráter da vítima. "Quem realmente matou meu irmão foi o crápula aqui do lado (Adalberon). Paulo sempre foi alegre e sempre arrumava amigos. Ele também era guerreiro e lutava pelos ideais. E por conta disto pagou com a vida. Não sei se valeu a pena, mas pagou", afirmou João Bosco.

Caso

O professor Paulo Bandeira foi sequestrado, torturado e morto, em junho de 2003, após denunciar desvios de verba federal destinada à merenda e eventos da Escola Municipal Josefa da Silva Costa, em Satuba, onde também trabalhava.

O professor possuía provas de que o então prefeito da cidade, Adalberon de Moraes, influenciava a administração da escola no desvio de verbas. O professor foi visto pela última vez com vida no dia 2 de junho de 2003 e dois dias após, a polícia achou o corpo carbonizado – preso à correntes – dentro do seu próprio carro, na Fazenda Primavera, em Satuba.

Na época a última informação de que se tinha da vítima era que ele havia recebido telefonema de dentro da Escola Josefa Silva Costa, pedindo que ele fosse até a sede da Prefeitura Municipal.

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